Jair
Bolsonaro começa a perceber que fez um mau negócio ao se meter na guerra
econômica dos Estados Unidos contra a China.
Apostou
num tratado de comércio com Donald Trump. Fracassou. No melhor cenário, vai
chegar ao meio do mandato com um acordo de compra de material bélico nos EUA e
“facilidades” de vistos para empresários.
Idealizou
uma “reinvenção do Brasil” à sombra de Trump, na definição do burlesco e inepto
chanceler Ernesto Araújo, e hostilizou o Partido Democrata, que controla a
Câmara. O troco veio num documento público: “Nos opomos firmemente a qualquer
tipo de acordo comercial com o governo Bolsonaro”. A frase dá a dimensão das
dificuldades num eventual governo Joe Biden.
Amadorismo
diplomático custa caro. Bolsonaro ajudou a propagar ideias hostis aos chineses,
como o “comunavírus”. Acreditou na ficção da “nova ordem” à margem da China, a
potência emergente. Mas, no meio da guerra de Trump contra o “exército
tecnológico de 5G” da Huawei, apelou ao líder Xi Jinping por socorro para
viabilizar um leilão de petróleo.
Em
silêncio, Pequim mudou de tática. Um ano depois, o xeque de Xi: nunca o Brasil
esteve tão dependente da China. Entre janeiro e agosto aumentaram em 14% as
compras chinesas no mercado nacional. As vendas totais aos EUA caíram 32%.
Hoje,
Pequim é destino de 40% das exportações do agronegócio. É o maior cliente e,
também, o comprador quase exclusivo (72%) de soja. As aquisições de alimentos
já superam em US$ 5 bilhões a soma das compras feitas por EUA, América Latina,
Europa, África e Oriente Médio. A trading estatal chinesa Cofco prevê aumento
de importações em 5% ao ano durante a próxima década.
Bolsonaro ficou prisioneiro no front da guerra EUA-China. Terá de decidir se aceita a tecnologia 5G da Huawei. É escolha política com consequências, como nas questões ambientais do acordo Mercosul-União Europeia. Começa a descobrir a falta que faz a diplomacia profissional na condução da política externa.
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