Sem
perder o medo
Mesmo que o assunto os aborreça, prezados leitores, sinto-me obrigado por razão de consciência a lembrar que a pandemia da Covid-19 ainda não foi debelada, talvez não seja tão cedo, se é que um dia será debelada. Nem mesmo o surgimento de vacinas a serem lançadas em breve garante imunização para sempre.
Celebremos
o fato de que o pior já passou, pelo menos é o que parece. A primeira morte por
coronavírus no Brasil aconteceu em 12 de março. Foi de uma mulher de 57 anos,
em São Paulo. Em 5 de agosto, o Ministério da Saúde informou que 1.437 pessoas
haviam morrido nas últimas 24 horas e 57.152 infectadas.
A
média móvel de mortes nos últimos 7 dias foi de 659. É o 13º dia seguido com
essa média abaixo da casa dos 700. Mesmo assim o país registrou 398 mortes pela
Covid-19 nas últimas 24 horas, o equivalente à lotação completa de dois Boeings
737-800. É de 146.773 o total de óbitos desde o começo da pandemia.
O
fantasma da segunda onda do coronavírus já assombra a Europa. E a Itália, que
viveu momentos trágicos no primeiro semestre do ano, é apontado como o país que
aprendeu a lição e que está pronta para enfrentar o que virá. O primeiro
ingrediente da receita italiana foi a rigidez do isolamento que, aqui, nunca foi
para valer.
O
segundo ingrediente, a gradual volta à normalidade, com grupos de atividade
econômica divididos para que fossem criadas as regras de segurança de cada
setor. O terceiro: o grande número de testes com rastreamento de casos. E o
quarto: o período de quarentena obrigatória fixada em 14 dias, e não em sete.
Todo
mundo usa máscara, e a multa é absurda para quem desrespeitar a ordem. Os
estádios estão reabrindo aos poucos, assim como as escolas. Os concertos seguem
proibidos. O maior aliado dos italianos é o medo.
Está
tudo ficando numa boa para Bolsonaro
Um
ano inesquecível para ele
Está
tudo ficando numa boa para Bolsonaro, e a continuar assim, mesmo com pandemia,
este ano terá sido melhor para ele do que foi 2019. Aquele abraço efusivo no
ministro Dias Toffoli, seguido por generosas fatias de pizza regadas a vinho de
boa marca, acabou por selar a paz entre o presidente e o Supremo Tribunal
Federal.
Quem
ouviu falar mais do inquérito das fake news aberto por Toffoli e conduzido pelo
ministro Alexandre de Moraes que fechara o cerco ao gabinete do ódio comandado
de dentro do Palácio do Planalto pelo vereador Carlos Bolsonaro, o Zero Dois?
Nem do inquérito, nem do gabinete do ódio que, por enquanto, hiberna.
O presidente e o tribunal passaram o pano sobre a ocasião em que o país esteve à beira de uma crise institucional. Foi no final de maio último quando a Polícia Federal saiu à caça de bolsonaristas radicais, esculachou alguns e prendeu outros. Bolsonaro convocou sua tropa e ameaçou pôr o Supremo em recesso.
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