Trump
driblou os caciques para ser indicado pelos republicanos à Presidência
Donald Trump
não perdeu de lavada. O que isso diz sobre os EUA em particular e
sobre o mundo em geral? Não faltavam motivos para votar contra o presidente
americano. Para começo de conversa, ele é um mentiroso compulsivo que não tem o
menor respeito por minorias nem pelas instituições, incluindo a própria
democracia.
Como
se não bastasse, sua gestão foi um fracasso frente à pandemia de Covid-19,
tendo transformado os EUA num dos países mais mortíferos do planeta. A
economia, que poderia ser uma razão plausível para votar em Trump, ia bem até a
chegada do vírus, mas, desde então, entrou em forte recessão.
Em
tempos normais, bastaria um desses fatores para arrasar qualquer tentativa de
reeleição e afundar o partido que a patrocinasse. Mas não estamos em tempos
normais nem lidando com um candidato normal. Trump foi um postulante
competitivo, e o Partido Republicano não foi mal no pleito, sendo grandes as
chances de conservar maioria no Senado e até de ampliar suas cadeiras na
Câmara. Como é possível?
Uma
das características da atual leva de líderes populistas é que eles parecem ter
o dom de levar eleitores a desapegar-se de fatos e da ideia, tão central para a
democracia, de punir governantes por maus resultados.
A
pergunta relevante, então, é como um sujeito com as características de Trump,
tão pouco afeitas à tradição do presidencialismo americano, conseguiu chegar à
Casa Branca?
Cada
país tem seu conjunto de salvaguardas para impedir que políticos muito
controversos conquistem o poder. Em presidencialismos mais modernos, há o
segundo turno. Deu errado no Brasil, mas funcionou na França.
Nos EUA, a função de "gatekeeper" cabe aos partidos políticos. O sistema falhou quando uma figura como Trump driblou os caciques e conseguiu a indicação dos republicanos para disputar a Presidência em 2016. Já há quem fale que ele pode voltar em 2024.
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