Bolsonaro
despreza dados oficiais para inventar seus próprios fatos
No
segundo mês de governo, Paulo Guedes pediu
uma tesourada no Censo. Para cortar gastos, o ministro propôs a redução do
questionário da pesquisa que seria feita em 2020. Como consequência, o país
teria menos informações sobre suas desigualdades e menos elementos para
elaborar políticas públicas.
"Se
perguntar demais, você vai acabar descobrindo coisas que nem queria
saber", afirmou Guedes. O ministro tentava fazer graça, mas acabou
revelando o desprezo que o governo Jair Bolsonaro teria pela realidade.
Em 2020, o Censo foi adiado por causa da pandemia. Na sexta (23), o Ministério da Economia confirmou que ele também não será feito em 2021. Para piorar, Bolsonaro cortou 25% do orçamento que seria usado para preparar a pesquisa. Com isso, o país também corre o risco de atravessar 2022 sem aquelas informações que o governo "nem queria saber".
O
apagão de dados é uma política de Bolsonaro. Desde o início do mandato, o
presidente e seus auxiliares trabalham para desacreditar estatísticas oficiais.
O governo prefere enterrar informações incômodas.
O
mesmo IBGE que foi alvo dos cortes no Censo também havia sofrido ataques de
Bolsonaro em 2019. Irritado com os números do desemprego, ele distorceu a
metodologia das pesquisas da área para dizer que o órgão “não mede a
realidade”. O instituto precisou divulgar
uma nota para desmentir o presidente.
No
meio ambiente, Bolsonaro já questionou dados do Inpe que apontavam uma alta no
desmatamento em seu governo. Na pandemia, encomendou do Ministério da Saúde uma
manobra para maquiar
as estatísticas de mortes por Covid-19 e esconder seu papel na
tragédia.
Sucatear
esses órgãos e desqualificar a produção de dados públicos são parte de um
projeto. Como não tem um programa de governo para lidar com a realidade,
Bolsonaro escolheu inventar seus próprios fatos.
Saio de férias por duas semanas e volto à coluna no dia 12 de maio. Até lá!
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