Blog do Noblat / Metrópoles
Bolsonaro enfrentará o candidato mais
preparado que o Brasil já teve em disputa. Além da popularidade com que chega,
Lula traz experiência
Dificilmente Bolsonaro teria sido eleito,
se a facada não o tivesse liberado de comparecer aos debates. Ele não
resistiria aos questionamentos de candidatos mais preparados, como Haddad,
Marina, Alckmin, Ciro. Em 2022, ele terá de participar e vai enfrentar o
candidato mais preparado que o Brasil já teve em disputa eleitoral. Além da
popularidade com que chega, Lula trás a experiência de cinco disputas
presidenciais e oito anos de exercício da presidência, carregado de
conhecimento e reconhecimento em todos os setores da vida nacional e
internacional.
As tentativas de constrangê-lo por ter sido
condenado e preso poderão beneficia-lo, ao mostrar que suas condenações foram
anuladas e parecem perseguições. Certo constrangimento virá das provas de
corrupção por membros e associados dos seus governos. Mas a maior dificuldade
do Lula poderá vir de posições manifestadas por militantes e dirigentes de
partidos ligados ao Lula, assustando eleitores com desconfianças em relação à
equipe com a qual ele governará.
As recentes agressões contra a Deputada Tabata Amaral, por pessoas próximas ao Lula, fizeram ampliar este temor. Chega-se a imaginar o risco de Lula nomear pessoas com esta agressividade para cargos em seu governo. Assusta ainda mais, que as críticas à Deputada Tabata refletem posições com desvios de caráter e também com posições políticas reacionárias, negacionistas, contrárias às reformas para quebrar privilégios e destravar o progresso do país.
Ouve de pessoas ao seu lado, sem que ele se
distancie delas, repetidas posições populistas em defesa de irresponsabilidade
fiscal, que trariam dificuldades para os pobres e ameaçariam o funcionamento da
economia. Apesar de que os dois governos Lula foram rigorosamente responsáveis
do ponto de vista fiscal, seu silêncio diante de falas populistas de seus
aliados levantam dúvidas sobre o comportamento de um novo governo seu.
O Lula é o mais preparado para os debates
eleitorais, mas corre risco de ser constrangido por associação com pessoas e
grupos de caráter machista, violento e reacionário. Em um momento em que a
Confiança é um fator determinante, tanto eleitoral quanto econômico, a
credibilidade do ex-presidente pode ser afetada, provocando um efeito contrário
à facada que, em 2018, protegeu ao menos preparado, e agora prejudicaria ao
mais preparado. Seria a anti facada do Lula, desferida por falas irresponsáveis
e reacionárias de seus aliados.
*Cristovam Buarque foi senador pelo DF
Nenhum comentário:
Postar um comentário