Folha de S. Paulo
Táticas usadas na campanha de 2018 serão
agora brincadeira de criança
Reportagem de Jamil
Chade e Lucas Valença, no UOL, mostra tratativas do "gabinete do
ódio" para adquirir tecnologias de espionagem israelense. Uma das empresas
procuradas, que atende pelo sugestivo nome de DarkMatter (em português
significa "matéria escura"), desenvolveu dispositivos que podem
invadir computadores e celulares, mesmo com os aparelhos desligados.
Essas movimentações prenunciam que os mecanismos de disparo em massa de mentiras por aplicativo, largamente utilizados em 2018, serão brincadeira de criança perto do que estará, agora, ao alcance das quadrilhas que apoiam o chefe miliciano. Indicam também como a campanha de reeleição de Bolsonaro poderá atuar totalmente fora do radar do TSE, deixando os concorrentes a comer poeira e as instituições a enxugar gelo.
Talvez seja a confiança de Bolsonaro em
esquemas criminosos que explique seu comportamento, em alguns aspectos, pouco
compatível com o de quem busca a recondução ao cargo. Ele nunca demonstra
compaixão pelas vítimas
de tragédias. Ao contrário, exibe frieza e desdém, como fez durante as
enchentes na Bahia e em Minas Gerais e como tem feito ao longo da pandemia,
chegando ao cúmulo de negar vacinas
para crianças.
Bolsonaro já deu o tom da violência que vai
estimular nos próximos meses. Em recente pronunciamento, ameaçou o Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra com o excludente de ilicitude, uma licença
para matar, a ser dada para policiais que ajam "sob violenta emoção".
A proposta foi derrotada no Congresso, mas ainda é defendida pela bancada da
bala.
É tudo na mesma linha do "vamos
fuzilar a petralhada toda aqui do Acre" e "petralhada, vai tudo vocês
(sic) para a ponta da praia [gíria para lugar de execução de presos políticos
na ditadura]".
O golpista emite sinais eloquentes de que não aceitará a derrota e de que tudo fará para tumultuar as eleições. Nossas instituições estão preparadas para detê-lo?
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