Folha de S. Paulo
Pesquisa traduz azedume, mas mostra que Lula
está longe de uma crise de confiança nas ruas
Lula entrou
em seu segundo ano de governo com uma virada de maré nos sentimentos da
população sobre a economia.
Desde dezembro, a avaliação positiva sobre a situação econômica do país caiu
seis pontos. O eleitor demonstrou mais desconforto com sua condição pessoal e
exibiu menos otimismo em relação aos próximos meses.
Se o presidente buscar uma boa notícia na nova pesquisa do Datafolha, poderá ver que os índices de percepção sobre a economia pararam de cair. O percentual de entrevistados que consideram que a própria situação pessoal piorou nos últimos meses passou de 28% para 24%. A variação foi puxada principalmente pelos jovens e pelos mais pobres.
Os números sugerem, por outro lado, uma
incerteza do eleitor nessa área. Um dos indícios é o contraste particularmente
agudo entre a avaliação feita da porta para dentro e da porta para fora. Depois
de subir seis pontos na virada do ano, a percepção de que a situação econômica
do país piorou ainda oscilou para cima e chegou a 42%.
Nesse quesito, a variação negativa foi
praticamente generalizada —entre pobres e ricos, em quase todas as regiões (à
exceção do Nordeste). Trata-se de um quadro que reforça a hipótese de uma
percepção menos vinculada a sensações sobre os efeitos da economia na ponta
(emprego e inflação) e mais permeável a contaminações externas.
O desafio
adicional para Lula é o fato de que uma fatia dos eleitores
deixou para trás parte do otimismo com a economia. O percentual de
entrevistados que afirmam que a situação do país vai melhorar caiu de 47% para
40% desde o ano passado e não se recuperou. No caso da expectativa pessoal,
passou de 62% para ainda altos 55%.
A pesquisa traduz em números o azedume com a
economia, mas mostra que Lula está longe de uma crise de confiança nas ruas. O
governo mantém aberta uma janela para mostrar a que veio para um eleitor que
parece não se contentar com resultados tímidos.
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