O governo derrubou os juros ao menor patamar da
história, enfrentando o tabu da remuneração da poupança, mas a economia não
reagiu como o esperado e crescerá apenas 1% neste ano - se tanto.
Dilma enquadrou os bancos públicos e forçou a queda
do spread e tarifas em geral, mas viu o setor financeiro encolher e a
inadimplência do consumidor bater recordes.
Lançou linhas de financiamento e desonerou a folha
de pagamentos, mas não tirou a iniciativa privada da letargia -os investimentos
caíram pelo quinto trimestre seguido.
O Planalto concluiu que o Estado não dará conta das
reformas e ampliações e optou pela privatização dos principais aeroportos, mas
cometeu equívocos nos editais que levaram a atrasos e à escolha de operadores
sem a expertise desejada.
Abriu o setor portuário, desburocratizando a
movimentação de cargas, mas alterou tantas regras que a judicialização hoje
parece inevitável.
Constatou a alta margem de lucratividade dos
concessionários e determinou a redução de 20% na tarifa de energia, mas errou
nos cálculos e subestimou o impacto no orçamento dos governos estaduais.
A presidente anunciou novo regime automotivo, com
estímulos tributários para o uso de tecnologia nacional, mas as montadoras
vivem a primeira retração desde 2002.
Dilma levou a gestão ao centro do debate público,
mas os tropeços consecutivos colocam em xeque sua reputação de boa gestora.
Agora releia cada parágrafo acima invertendo o
lugar das orações separadas pela conjunção adversativa. "A economia não
reagiu como o esperado, mas o governo derrubou os juros ao menor
patamar..." e assim por diante. Neste caso, a ordem dos fatores altera o
produto.
Por um prisma, vê-se que o governo federal, de modo
contínuo e consistente, assenta terreno para a retomada da economia e abre
janelas para novos negócios.
Fonte:
Folha de S. Paulo
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