Governador defende "renovação" das lideranças políticas, num ataque aos caciques do PMDB. Eduardo também diz que críticas ao governo não podem ser um incômodo
Débora Duque
Mesmo rejeitando publicamente o rótulo de presidenciável, o governador Eduardo Campos (PSB) segue aproveitando suas agendas políticas e administrativas para fincar um discurso de amplitude nacional. Ontem, um evento oficial do governo do Estado para celebrar o Dia Internacional da Mulher - comemorado no último dia 8 - transformou-se em cenário para Eduardo pregar, mais uma vez, a necessidade de haver uma "renovação" das lideranças políticas do País. Nas entrelinhas, o mote tem como alvo o fortalecimento da aliança do PT com caciques do PMDB, a exemplo dos senadores José Sarney e Renan Calheiros.
"Estamos num processo de construção de um novo Brasil, que precisa também de um novo pacto social e político. Não vamos arrancar o resto de machismo que tem na máquina pública deste País com as velhas lideranças políticas carcomidas, que nunca assumiram os compromissos de romper com esses cacoetes e deformações", afirmou o governador.
A um público exclusivamente feminino, formado por cerca de 1.500 pessoas, o socialista falou sobre políticas de gênero e as conquistas dos direitos das mulheres, sem fazer menção à presidente Dilma Rousseff (PT). No evento, realizado no Teatro Guararapes, ainda foi possível ouvir coro exaltando a possível candidatura de Eduardo à Presidência da República. "Brasil, pra frente, Eduardo presidente", bradou a plateia.
Em entrevista concedida antes do ato, o governador procurou desvincular de suas pretensões eleitorais as ponderações que tem feito a determinadas iniciativas do governo federal, principalmente no campo econômico. Ainda que sem fazer alusão direta, Eduardo também retrucou as cobranças de Dilma por mais "lealdade" na base aliada. "Não pode ser incômodo ou tratado com intolerância aqueles que querem fazer um debate sobre uma visão estratégica do Brasil. Nós (do PSB) vamos continuar fazendo de maneira serena, porque essa é a nossa tradição. Mas temos a coragem de enxergar adiante", sublinhou, retomando o argumento de que o PSB demonstrou mais fidelidade a Dilma do que setores do próprio PT em debates polêmicos no Congresso Nacional, como no caso do Código Florestal.
Eduardo também afirmou que só levanta críticas públicas ao governo quando não há abertura para o diálogo interno. Como exemplo, citou, novamente, a questão da MP dos Portos, sobre a qual ele sustenta não ter sido ouvido pela presidente. "As observações diferentes tem que ser bem-vindas. Sempre procuro fazer isso no fórum interno. Quando a gente não tem essa oportunidade, temos o dever de falar no fórum externo", justifica. Ele ainda disse não ter receio de ser retaliado por Dilma com a perda de espaços do PSB. "Nem é da nossa tradição ter medo disso, nem é da tradição da presidente ser agente de perseguição", minimizou.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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