O que todo mundo vê é que Eduardo Campos preocupa Dilma e Lula, mas o que poucos admitem é que ele incomoda Aécio muito mais. Ao mesmo tempo em que estanca a aproximação do PSD com o governo e deixa as fichas de vários partidos governistas no ar, joga com velhos parceiros dos tucanos.
Se FHC e os tucanos se declaram aecistas roxos, até Aloysio Nunes Ferreira, o mesmo não se pode dizer de aliados que têm mais afinidade com José Serra do que com o PSDB. Campos sabe quem são, onde estão.
Além do próprio Kassab, Jarbas Vasconcelos, dissidente do PMDB, Roberto Freire, estrategista do PPS, e Jorge Bornhausen, fundador do PFL, articulador do DEM e agora mentor do PSD, são exemplos reluzentes de quem trabalhou por Serra e não se entusiasma com Aécio. Não os únicos.
Também no meio acadêmico e empresarial proliferam elogios ao governador de Pernambuco, que herdou um Estado saneado por Jarbas, azeitou a máquina e saiu em campo na política, sondando, cativando.
Ele não faz outra coisa senão buscar "grandes eleitores" que têm resistência ao PT e a Dilma, mas não se sentem ou seguros ou confortáveis com Aécio. Em 2002, 2006 e 2010, os petistas Lula e Dilma tiveram em torno de 43% dos votos totais no primeiro turno. Havia, ou há, 57% voando.
Campos, porém, deve ser realista. O PSDB é a principal referência de oposição ao PT, Minas tem enorme densidade política e eleitoral e Aécio, à moda mineira, ainda não entrou ostensivamente em campo. Sua prioridade, depois de reunir grandes economistas, é garantir a unidade do PSDB e impedir a revoada dos aliados.
Para isso, Aécio tem que investir tudo no apoio formal --e real-- de José Serra. Ou seja, trabalhar para que Serra dê a ele o que ele não deu a Serra em 2002 e 2010.
PS - Enquanto a oposição se aquece, Dilma fortalece o PMDB e busca uma boa relação --e uma boa foto-- com o papa Francisco. Posa com Deus e "faz o diabo" na terra do sol
Fonte: Folha de S. Paulo
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