Em discurso na Rocinha, no Rio, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que há "estardalhaço e terrorismo informativo" sobre a situação econômica do País. Em referência à inflação, disse que "ela está sob controle" e "jamais" deixará que volte. "Peço a vocês que não deem ouvidos a esses que jogam sempre no "quanto pior, melhor". Críticas, todo mundo tem de ter a humildade de aceitar. Mas terrorismo, não", afirmou.
Na Rocinha, Dilma reitera controle da inflação e ataca "terrorismo informativo"
Felipe Werneck
RIO - Em discurso no Complexo Esportivo da Rocinha para o anúncio de obras era três favelas do Rio, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que há "estardalhaço e terrorismo informativo" sobre a situação econômica do País. No mesmo evento, atacou indiretamente a oposição ao dizer que "não se fazia obra para as comunidades mais pobres" no Brasil até 2003, início do governo Lula.
Foi o terceiro dia consecutivo em que Dilma volta suas declarações para críticos da política econômica. Na quinta-feira, em Curitiba, tratou-os como "vendedores do caos", Um dia antes, em Brasília, havia comparado a oposição ao Velho do Restelo, personagem de Luís de Camões na obra Os Lusíadas considerado um pessimista.
Ontem, Dilma preferiu passar ao largo dos protestos contra o custo do transporte público em várias capitais do País e voltar seu discurso ao noticiário sobre a retomada inflacionária. "Nós jamais deixaremos que a inflação volte. Hoje ela está sob controle, ontem ela estava e continuará sob controle", discursou. E fez um pedido: "Peço a vocês que não deem ouvidos a esses que jogam sempre d o quanto pior, melhor. Críticas, todo mundo tem de ter a humildade de aceitar. Mas terrorismo, não".
A presidente afirmou que, em meio à crise econômica que "talvez seja a mais grave desde 1929" o Brasil apresenta hoje "a menor taxa de desemprego do mundo".
"Vocês têm visto na imprensa muita gente falando que o Brasil passa por um momento de dificuldades. Interessa a eles criar essa ideia", discursou Dilma para uma plateia de políticos e, principalmente, moradores da Rocinha. "Não só o Brasil não está numa situação difícil como é um país extremamente sólido. Temos uma das menores relações entre dívida líquida e PIB. Não gastamos mais do que possuímos. Somos sérios em relação à política fiscal."
Incompleto. A Rocinha vai receber a maior parte - R$ 1,6 bilhão - dos R$ 2,6 bilhões anunciados ontem. O lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2 ocorreu sem que tenham sido concluídas as obras do PAC 1 na Rocinha e em outras comunidades de Niterói e São Gonçalo. No PAC 2, estão previstas obras de saneamento, habitação, reordenamento urbano e construção de creche e um teleférico com seis estações na Rocinha, além de investimentos nas comunidades de Lins de Vasconcelos e do Jacarezinho, na zona norte. O prazo é de 3 anos.
Durante o evento, seguranças da presidência recolheram cartazes de um líder comunitário que protestava diante do palco, Presidente de uma das associações de moradores do Andaraí, André Santana declarou: "Cadê o PAC do Andaraí? Agente quer que eles cumpram a promessa que o Lula fez".
Quando o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) discursava, Santana voltou a protestar, e Cabral respondeu: "O do Andaraí vai chegar, calma".
"Conto do vigário" - Dilma afirmou que o Brasil foi governado "de costas para as comunidades, não só do Rio, mas de todo o País, até 2003". "Eu sei que o Brasil a quem eu devo minha eleição mora aqui. Até então, o País tinha um mercado pequenininho, só para as classes mais ricas", disse. "Nós temos um lado, que é claro: o lado do povo. Fazemos obras para todo o Brasil, mas temos de olhar para os segmentos mais pobres, que nunca tiveram acesso a nada."
Dilma afirmou ter investido R$ 5,9 bilhões em favelas no seu período de governo. E chamou de "conto do vigário" a especulação sobre redução de gastos sociais. "Podem esperar sentados. Não iremos diminuir investimentos que beneficiem o povo, porque essa é a nossa prioridade." A presidente ainda ganhou de um morador um quadro com seu rosto pintado e a favela ao fundo.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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