• Durante o regime militar,foi o primeiro a denunciar que Vladimir Herzog fora assassinado sob tortura. Autor premiado, publicou 21 livros; era diretor do Masp e da ABI-SP
- O Globo
A trajetória do jornalista, professor universitário e escritor Rodolfo Konder ficou marcada pela militância contra a ditadura militar iniciada em 1964, tendo sido o primeiro a denunciar que Vladimir Herzog fora assassinado pelos militares dentro da prisão.
Konder, que foi preso junto com Herzog em 1975, apontou que a causa da morte de seu companheiro não fora enforcamento, como constava na certidão de óbito, mas assassinato sob tortura. A retificação da certidão de óbito só foi feita em 2013.
Devido à perseguição durante o regime militar e por ser militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Konder teve que morar fora do país.
Com a redemocratização, participou de grupos que trabalhavam com direitos humanos e presidiu a seção brasileira da Anistia Internacional.
Na década de 90, foi secretário municipal de Cultura de São Paulo nos governos de Paulo Maluf (1993-1996) e Celso Pitta (1997-2000). Também foi membro do Conselho da Fundação Padre Anchieta, que gerencia a TV Cultura, e membro da diretoria da Bienal.
Seu primeiro emprego como jornalista foi como redator na agência de notícias Reuters,onde trabalhou durante quatro anos. Anteriormente, fez traduções para Ênio da Silveira, que por anos dirigiu a editora “Civilização Brasileira” e também pertencia ao PCB.
Além disso, trabalhou nas revistas “Realidade”, “Visão”, “Singular Plural”, “Isto é”, “Afinal”, “Nova” e colaborou na “Playboy”, “Revista Hebraica” e “Época”.
Na televisão, foi editor-chefe e apresentador do “Jornal da Cultura”, da TV Cultura.
Escreveu ainda artigos para os jornais “El Clarín”, “O Paiz”, “Folha de S. Paulo”, “Jornal da Tarde”, “O Estado de S. Paulo” e “Jornal do Brasil”.
Rodolfo Konder também é autor de 21 livros e foi conselheiro da União Brasileira de Escritores. Entre suas principais obras estão “Hóspede da Solidão”, que ganhou um prêmio Jabuti na categoria Contos e Crônicas, “A Palavra e o Sonho”, “A Memória e o Esquecimento”, “Anistia Internacional: uma Porta para o Futuro” e “Agonia e Morte de um Comunista”.
Também recebeu os prêmios Monteiro Lobato (1979), Vladimir Herzog (1982), Hebraica (1995), ECO (2002) e Borba Gato (1996).
Foi ainda professor na Faculdade de Jornalismo da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Atualmente, era diretor do Museu de Arte de São Paulo e da Associação Brasileira de Imprensa, em São Paulo.
Nascido em Natal, em 1938, o jornalista era filho de Valério Konder, que foi dirigente do PCB, e de Ione Coelho, e irmão do filósofo Leandro Konder e de Luíza Eugênia Konder. Ele morreu anteontem, aos 76 anos. Em tratamento contra um câncer, Konder estava há dois meses internado no Hospital da Beneficência Portuguesa, sendo os últimos 20 dias na UTI.
Seu corpo foi cremado no Crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, na própria quinta-feira, em cerimônia restrita aos familiares. Rodolfo Konder deixa mulher e um filho.
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