• Inflação oficial registra variação 6,51% no acumulado, segundo o IBGE. Limite oficial é de 6,5%
Marcello Corrêa – O Globo
RIO - A inflação oficial brasileira, medida pelo IPCA, registrou alta de 0,25% em agosto, informou o IBGE nesta sexta-feira. No acumulado em 12 meses, o indicador avança 6,51%. As porcentagens foram as mesmas indicada pela mediana das projeções de analistas compiladas pela Bloomberg. No acumulado do ano, o indicador tem alta de 4,02%.
Em julho, a alta de preços tinha avançado apenas 0,01%, a menor taxa desde 2010, mas permaneceu no teto da meta em 12 meses, a 6,5%. A desaceleração daquele mês foi impactada pelo alívio nos preços dos alimentos e pela reversão da pressão exercida em alguns serviços durante a Copa do Mundo, em junho.
Já em agosto o grupo que mais acelerou foi o de transportes, que saiu de deflação de 0,98% em julho para alta de 0,33% agosto. Parte da aceleração é atribuída às passagens aéreas, que tiveram alta de 10,16% em agosto, após terem caído 26,86% do mês anterior, ainda causada pelo chamado efeito Copa.
— Transportes foram as despesas principais responsáveis pela alta do índice do mês. Em julho, o impacto do grupo havia ficado em -0,18%, por causa da queda da gasolina, etanol e das passagens aéreas. Agora, a gente vê uma distância de um mês para o outro de 0,25 ponto percentual — afirmou Eulina Nunes, coordenadora de índice de preços do IBGE. — Em julho, provavelmente, foram muitos voos ofertados a preços mais acessíveis, até em função de o Brasil ter saído da competição. Isso, em comparação com um mês de normalidade, pode ter impactado o resultado de agosto.
Custo de empregado doméstico subiu 1,26%
Outro impacto importante foi do custo com empregado doméstico, que subiu 1,26% e respondeu por 0,05 ponto percentual do índice. Outra influência veio do aumento da energia elétrica, de 1,76%.
Em relação aos grupos pesquisados, o que registrou a taxa mais alta foi o de habitação, por causa da alta de 1,46% da taxa de água e esgoto. Os principais aumentos do serviço ocorreram no Rio (6,1%) e Vitória (5,25%). O grupo subiu 0,94%, após ter registrado aumento de 1,2% no mês anterior.
Com a aceleração do grupo transportes, que havia sido o principal impacto negativo em julho, o grupo que mais contribuiu para aliviar a inflação em agosto foi o de alimentação e bebidas, que repetiu a queda de 0,15%, a quinta deflação consecutiva. Com isso, teve peso de -0,04 ponto percentual sobre o índice geral.
— Os alimentos vêm caindo. A maioria das regiões pesquisadas apresentou queda de preços nos alimentos. Uma queda de 0,15% no índice dos alimentos não é muita coisa, mas isso nem sempre é percebido pelas pessoas, já que os preços estão em um preço relativamente alto, porque já subiram antes — explicou Eulina.
Na quarta-feira, o Banco Central manteve em 11% ao ano a taxa básica de juros, uma das principais armas da autoridade monetária para lidar com a inflação. No ano passado, a Selic sofreu nove elevações seguidas, na expectativa de frear o consumo e aliviar os preços.
Só duas cidades tiveram taxas negativas
O efeito negativo das medidas sobre a atividade econômica, no entanto, começou a preocupar, fazendo com que o ciclo de altas fosse encerrado em maio, com a perspectiva de que os preços cedam mais nos próximos meses.
A mais recente pesquisa Focus, elaborada semanalmente pelo BC, prevê que a inflação feche o ano em 6,27%. A trégua nos preços dos alimentos ajudou a melhorar a perspectivas do mercado, que chegou a prever o estouro da meta de 6,5% neste ano. Para 2015, a expectativa é que o índice fique em 6,29%.
A maior taxa de agosto foi registrada em Belém (0,98%), influenciada pela alta de 24,28% da energia elétrica, causada pelo reajuste da tarifa autorizado no início do mês. A região de Vitória também foi impactada pelo aumento nas contas de luz e registrou a segunda maior taxa, de 0,91%.
Diferentemente do que ocorreu no mês anterior, quando oito das 13 regiões pesquisadas pelo IBGE tiveram deflação, apenas duas cidades registraram taxas negativas em agosto: Campo Grande (-0,07%) e Belo Horizonte, (-0,02%).
No Rio, o IPCA passou de queda de 0,08% para alta de 0,42%. Em São Paulo, a taxa de 0,18% registrada em julho se repetiu em agosto.
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