- O Estado de S. Paulo
A onda de opinião pública que empurrou Marina Silva morro cima começa a encontrar resistências pelo caminho e tem dificuldade para continuar avançando. Após dizimar o eleitorado indeciso e insatisfeito, a candidata do PSB tem que tirar votos de concorrentes diretos para continuar crescendo. Tirou de Aécio Neves (PSDB), mas parou de tirar de Dilma Rousseff (PT).
A pesquisa Ibope mostra que Dilma recuperou 3 dos 4 pontos que havia perdido para Marina na semana passada. É um indicativo de que a presidente quicou no seu piso, abaixo do qual nunca desceu. Os 37% encontrados agora pelo Ibope estão pouco acima dos 34% que a que a presidente tinha descido nas pesquisas do Ibope, Datafolha e MDA da semana passada.
Já os 33% de Marina neste Ibope estão no mesmo patamar a que a candidata do PSB havia chegado no Datafolha de sexta passada.
A resistência de Dilma se deve a uma melhora lenta mas contínua da avaliação de seu governo que coincidiu com o início da propaganda eleitoral na TV e no rádio. A petista ocupa quase metade desse horário. Em julho, sua taxa de ruim/péssimo caiu de 33% para 26%. Já a de ótimo/bom era de 31% e agora é de 36%. Três de cada quatro desses eleitores votam em Dilma.
Outro sinal de que Marina terá dificuldade para subtrair mais votos de Dilma é que o eleitor da petista é mais firme do que o da candidata do PSB. Segundo o Ibope, 61% de quem declara voto em Dilma diz que é uma decisão definitiva e que “não mudará de jeito nenhum”. Entre os de Marina essa convicção é 11 pontos menor: 50% dizem que não mudam mais de candidata.
Por essa resposta e pelo histórico recente, Marina tem mais chances de tirar votos de Aécio: com diferentes graus de incerteza, 46% dos eleitores do tucano admitem mudar seu voto. Desde que Marina entrou na disputa, Aécio já perdeu oito pontos.
Para complicar, enquanto Marina aparece no Ibope ganhando de Dilma na simulação de segundo turno, Aécio está mais distante da vitória hoje do que estava na semana passada. Aos olhos do eleitor mudancista, Marina é, cada vez mais, a única alternativa viável para, como diz Aécio, tirar o PT do governo.
Há cada vez menos eleitores disponíveis para serem capturados pelos candidatos. Os indecisos regrediram a taxas de véspera de eleição. E os brancos e nulos estão se aproximando do que costuma aparecer na urna.
Na prática, a eleição está caminhando para um segundo turno antecipado. Os votos que saem de um candidato vão diretamente para o outro, sem escalas, e, assim, acabam contando dobrado. Assim, as diferenças se encurtam ou se ampliam mais rapidamente. A eleição segue aberta. Marina venceria no segundo turno, mas a maior parte dos eleitores ainda acha Dilma favorita.
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