César Felício - Valor Econômico
SÃO PAULO - A presidente Dilma Rousseff (PT) está próxima ao seu teto em intenções de voto para a eleição presidencial de domingo, a ex-senadora Marina Silva (PSB) aproxima-se de seu piso e o senador Aécio Neves (PSDB) pode empatar com a adversária do PSB caso cresça entre os indecisos das regiões Sul-Sudeste, ou com maior escolaridade e renda. Segundo Márcia Cavallari, diretora do Ibope Inteligência, a possibilidade de uma vitória de Dilma no primeiro turno é muito pequena.
O motivo é o movimento detectado na última pesquisa nacional do instituto, divulgada na terça-feira: Marina continua perdendo eleitores, mas com um perfil diferente dos que haviam desistido de votar na candidata nas rodadas anteriores: os novos desiludidos da candidata do PSB são de segmentos do eleitorado em que Dilma tem dificuldade de transitar e que são mais sensíveis ao tipo de discurso do PSDB.
O total de indecisos atingiu 7%, o percentual mais alto no Ibope desde 25 de agosto. Aécio foi incapaz de captar este eleitorado até o momento. É um eleitor que, ou migrará para ele, ou irá anular o voto. "No momento de tomar sua decisão, este eleitor indeciso tende a rejeitar a continuidade", disse Márcia. O tucano não passa de 19% das intenções de voto há três rodadas, patamar que ainda está abaixo do que o candidato dispunha antes da entrada de Marina na corrida eleitoral.
Segundo a diretora do Ibope, Dilma nunca ultrapassou na série do instituto o patamar de 40% de votos. No momento, está com 39% no Ibope. Seu percentual chegou a cair para 34%, no momento em que Marina se aproximava de seu auge nas pesquisas do instituto.
"Dilma bateu no piso dela quando Marina ganhou votos no Norte e Nordeste, entre os mais pobres e menos escolarizados", disse, pontuando que os limites de crescimento de Dilma são precisos: "Ela tem um percentual de eleitores que rechaçam a possibilidade de se votar nela da ordem de 40% e um desejo de mudança do eleitorado que ainda é predominante", disse Márcia.
Na primeira onda de perda de votos de Marina, Dilma capitalizou o movimento, ganhando cinco pontos percentuais entre 25 de agosto e 8 de setembro. Passou de 34% para 39%. Com leves oscilações, Dilma está estacionada nas últimas três semanas. Nas últimas semanas, Marina acentuou a queda e o eleitorado perdido se dispersou: dos quatro pontos perdidos nos últimos 15 dias, dois foram para indecisos, um para Dilma e um para outros candidatos.
"Cerca de 22% dos eleitores afirmam que com certeza votarão em Marina, este é o piso dela. E ela está com 25% na última pesquisa", disse Márcia. De acordo com a pesquisadora, os três principais candidatos estão com potenciais de voto semelhantes no momento.
A soma dos eleitores que dizem que votaram na reeleição de Dilma ou que poderão fazê-lo é de 55%. No caso de Marina, estes dois contingentes somam 58%. Em relação a Aécio, a soma resulta em 56%. A conclusão é que qualquer combinação no segundo turno será entre candidatos com nível de rejeição semelhantes entre si.
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