• Para PSB, ex-senadora errou ao se recusar a dialogar com lideranças com as quais o partido havia costurado acordos
• Em ato de campanha em São Paulo, tucano disse estar convencido de que ciclo do PT no governo está no fim
Marina Dias, Daniela Lima e Ranier Bragon – Folha de S. Paulo
RIO e BRASÍLIA - Candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva disse a interlocutores que vai liderar pessoalmente a aproximação com o PSDB --partido que desprezou e até hostilizou durante a campanha-- caso contenha a queda nas pesquisas e consiga chegar ao segundo turno.
Para aliados, a candidata, num eventual segundo turno, precisará mostrar que tem capacidade de governar e dialogar com outros partidos, hoje uma de suas fragilidades mais exploradas pelos rivais.
Para integrantes da campanha do PSB, Marina errou, após a morte de Eduardo Campos, ao se recusar a conversar com lideranças com as quais ele havia costurado acordos, como Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo, e Lindbergh Farias (PT), no Rio.
Apesar de estarem com a estratégia do segundo turno na cabeça, aliados preveem dias tensos até o domingo.
O cansaço cada vez mais visível da candidata e a queda nas intenções de voto fizeram com que ela ficasse mais arredia com sua equipe, que dá sinais de nervosismo.
Na terça (30), quando o Datafolha mostrou que a diferença para Aécio fora reduzida a cinco pontos percentuais, aliados se aproximavam de jornalistas para dizer que, "na hora do voto, muita gente que ia votar em Aécio vai votar em Marina". "Vocês vão ver."
No mesmo dia, ela insistia que não era necessário fazer foto agendada pela equipe --que deu certo após muitas explicações do fotógrafo e dos assessores --e cancelou uma entrevista coletiva alegando ter de poupar a voz. Saiu sem falar com jornalistas, momento raro na campanha.
Rouca, irá descansar até o último debate presidencial, nesta quinta (2), na TV Globo. Foi aconselhada a questionar Dilma sobre o descontrole das contas públicas e as denúncias envolvendo a Petrobras.
Com o acirramento da disputa, Aécio deu ordem para dobrar a mobilização em lugares estratégicos. Os apoiadores que distribuem material de campanha e as chamadas colinhas vão trabalhar em turno dobrado em São Paulo.
No Nordeste, o tucano pediu empenho especial na Bahia e no Ceará, onde tem palanques regionais fortes.
Ele centrará seus esforços nos últimos três dias em Minas, seu berço político e segundo maior colégio eleitoral do país. Adotará forte tom emocional --no Estado, diz o PSDB, está a chance mais palpável de obter uma vantagem maior sobre as rivais, virar o jogo e ir ao segundo turno.
A subida nas pesquisas voltou a empolgar aliados e equipe. Nos últimos dias, a quem perguntou se dará tempo para reverter a vantagem que Marina tem sobre ele, Aécio foi taxativo: "Já deu".
Nesta quarta (1º), mal colocou os pés em São Paulo e puxou o coordenador da campanha de Geraldo Alckmin ao governo paulista pelo braço. "Como é que estão os números aqui? Estou crescendo?".
Com respostas afirmativas, partiu para o ataque pouco antes de iniciar a caminhada que marcou sua última agenda no Estado antes do primeiro turno, em Mogi das Cruzes.
"Estou cada vez mais convencido que esse ciclo de governo está se encerrando. E quem tem as melhores condições de vencer somos nós."
"Volto a partir do dia 6 de outubro", prometeu.
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