- O Tempo (MG)
Lá se foi o primeiro mês. Faltam ainda 47. Todo governante eleito no Brasil tem, pela tradição política, a chamada “lua de mel” no seu primeiro semestre de governo. Seriam prematuros quaisquer avaliação e julgamento mais profundos.
O PT de Minas agora vai sentir na carne os efeitos da postura do governo federal. Estados e municípios vivem novamente um estrangulamento fiscal. Mas é preciso diferenciar joio de trigo; a situação de Minas é muito melhor do que, por exemplo, a deixada pelo PT no Distrito Federal. E muito melhor do que a média dos Estados.
Os governos de Lula e Dilma levaram de Minas a nova fábrica da Fiat e o polo acrílico de Ibirité. Os repasses da Lei Kandir não foram feitos. A Cide foi zerada para compensar a má gestão da Petrobras e da política de preços públicos. O compromisso de aprovar o novo marco legal para o setor mineral, alterando os royalties, ficou esquecido, trazendo imenso prejuízo a Minas.
O Banco do Brasil, mesmo diante de decisão judicial, desrespeitou cronograma de desembolsos contratado de um empréstimo, com prejuízo superior a R$ 1 bilhão, punindo empresas com desnecessários atrasos de pagamentos. O BNDES criou enormes entraves na execução de outra operação de crédito contratada. Sempre sob o manto de um espantoso silêncio de Fernando Pimentel e do PT de Minas. Que sempre preferiram ficar com o PT, e não com os interesses de Minas.
Na transição republicana presidida pelo governador Alberto Pinto Coelho, optaram por ficar murmurando pelos cantos em relação a uma suposta e inexistente falta de transparência e cooperação. Em vez de arregaçarem as mangas e trabalharem por soluções junto com o governo federal, como fizeram Aécio Neves e Itamar Franco, em 2002.
Tentavam com isso criar o clima para velha e surrada tese da “herança maldita” que não houve. Prova disso é o regular pagamento do 13º salário e do salário de janeiro ao funcionalismo.
A realidade bate à porta. Equívocos e erros começam a ser cometidos. Pessoas erradas em lugares errados. A política de segurança está ameaçada pela perda de solidariedade da Polícia Militar e do Ministério Público. O rebaixamento da ouvidoria a posição secundária compromete o discurso da participação e controle social.
O PT vai ter que encontrar a embocadura do poder. Tem a chance agora de provar que as versões divulgadas na campanha sobre o piso nacional dos professores e da Lei 100 eram verdadeiras. Quem sabe Pimentel não consegue convencer o companheiro Dias Toffoli, relator que derrubou a Lei 100 no STF, a rever seu ponto de vista?
E na queda de braço de Minas e da Cemig com o governo federal sobre as usinas em disputa após a edição da desastrosa política energética que desorganizou um setor essencial, Pimentel ficará com Dilma ou com Minas?
A retórica eleitoral agora dará lugar à prática governamental. E, infelizmente para o PT de Minas, a realidade não comporta demagogias e mentiras.
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Marcus Pestana, deputado federal e presidente do PSDB de Minas Gerais
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