• Afirmação de ex-gerente de que recebia propina desde 1997 é o argumento
Cristiane Jungblut e Chico de Gois – O Globo
BRASÍLIA - O PT quer ampliar as investigações da CPI da Petrobras, a ser instalada na quinta-feira, incluindo os dois governos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 a 1998 e 1999 a 2002). O requerimento a ser apresentado pelo partido se baseará na delação premiada do ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco, que disse ter começado a receber subornos em 1997. O PSDB reagiu com irritação e ironia, propondo que o governo de Getúlio Vargas, que criou a Petrobras, também seja objeto de investigação.
- Todos da bancada do PT querem incluir a gestão do PSDB na investigação. O Barusco não disse que começou em 1997? Como não incluir tudo? A bancada defende isso e eu também - disse o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE).
O líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado (AC), disse que já preparou o requerimento para ampliar a CPI e que já teria as assinaturas necessárias. Porém, para que prevaleça o objeto ampliado de investigação, a própria CPI tem que aprová-lo.
- Ampliar a CPI já é uma decisão tomada e estamos com o requerimento pronto. Se não incluir o PSDB, a CPI fica maneteada - afirmou Sibá.
Os tucanos garantem que o PSDB "não tem nada a temer", mas acusam o governo de querer criar uma manobra diversionista para tirar o foco das investigações sobre os repasses de dinheiro ao PT. O líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), questionou a validade do requerimento que os petistas já prepararam. Carlos Sampaio disse que uma ampliação só ocorre quando há a comprovação de uma conexão dos fatos. Na visão dele, não há conexão, porque o ex-diretor da Petrobras Pedro Barsuco disse que em 1997 recebeu propina individualmente e não dentro de um esquema, como agora.
- Estão querendo dizer que estamos todos na mesma vala, mas não estamos. E propor ampliação sem comprovar conexão é desconhecer os fatos. Tem que ouvir primeiro o Barusco, que disse que naquela época recebia individualmente. Eles estão querendo tirar o foco desse esquema que está aí - disse Carlos Sampaio.
- Quem sabe ela (a presidente Dilma) não atribua a responsabilidade a Getúlio Vargas, que foi quem criou a Petrobras - acrescentou, em tom de ironia, o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB).
Ontem, o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani, definiu que o presidente da comissão será o deputado Hugo Motta (PB). Parlamentar de segundo mandato, com apenas 26 anos, ele foi presidente da Comissão de Fiscalização no ano passado. A pouca idade de Motta não incomoda o líder:
- Eu também presidi a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) quando estava no segundo mandato e era mais jovem. Isso não quer dizer nada.
Motta recebeu doações, de forma indireta, de empreiteiras que estão sendo investigadas pela Lava-Jato. Da Andrade Gutierrez, que passou a ser investigada nesta última fase da operação, recebeu R$ 240 mil via diretórios estadual e nacional. Da Odebrecht, mais R$ 200 mil, por meio do diretório nacional.
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