• Moro intima defesas a dizerem se querem a transferência de seus clientes para prisões estaduais
• Segundo ele, advogados de alguns dos presos já foram consultados e preferiram mantê-los na carceragem da PF
Aguirre Talento, Gabriel Mascarenhas e Rubens Valente – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O juiz federal Sergio Moro, da Operação Lava Jato, afirmou em despacho nesta segunda-feira (23) que nunca recebeu reclamação formal dos executivos presos sobre as condições da carceragem da Polícia Federal em Curitiba.
Moro também intimou os advogados dos executivos para informarem se eles preferem ser transferidos para o sistema prisional estadual.
Em seu despacho, o juiz faz referência a reclamações veiculadas pela imprensa. No domingo (22), a Folha publicou relatos sobre as condições da carceragem da PF: os presos fazem faxina das celas, comem a carne com as mãos porque os talheres são de plástico e usam o vaso sanitário na frente dos outros.
A ala em que os executivos presos estão é formada por três celas de paredes brancas, unidas por uma sala comum.
Com beliche, mesa e banco de concreto, cada uma delas está preparada para receber duas pessoas. Cada cela tem um vaso sanitário de aço pregado no chão e uma pia.
Os presos até hoje só têm direito a duas horas de sol. É quando lavam meias e cuecas. Na hora do banho, têm que fazer fila, pois só há dois chuveiros, com água quente.
O juiz já havia perguntado anteriormente aos advogados do executivo Erton Fonseca, da Galvão Engenharia, e do doleiro Alberto Youssef, durante audiência no início do mês, se prefeririam a transferência ao sistema estadual, o que foi recusado na ocasião.
"As celas da carceragem da Polícia Federal têm as suas limitações, já que trata-se apenas de prisão de passagem, mas entendeu-se que a permanência nelas, ao invés da transferência, era do interesse dos próprios acusados. Não houve, perante este juízo, qualquer reclamação formal sobre as condições das celas ou qualquer pedido de transferência ao sistema prisional estadual", afirmou Moro no despacho.
Foi dado um prazo de 48 horas para que os advogados se manifestem sobre o caso.
Estão presos preventivamente na carceragem da PF, sob suspeita de envolvimento no esquema de desvios na Petrobras, os executivos Ricardo Ribeiro Pessoa (UTC), Eduardo Hermelino Leite, Dalton dos Santos Avancini e João Ricardo Auler (Camargo Corrêa), José Ricardo Nogueira Breghirolli, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Mateus Coutinho de Sá Oliveira e José Aldemário Pinheiro Filho (OAS), Sergio Cunha Mendes (Mendes Júnior), Gerson de Mello Almada (Engevix) e Erton Medeiros Fonseca (Galvão Engenharia).
Também estão lá o doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e o lobista Fernando Soares.
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