• Atingido pelo maior corte de recursos do contingenciamento, ex-prefeito de São Paulo acumula também derrotas políticas no início do 2º mandato
Erich Decat e Beatriz Bulla - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Alçado para o grupo de "superministros" da presidente Dilma Rousseff no início do ano, Gilberto Kassab, titular das Cidades, chega ao final do primeiro semestre do segundo mandato da petista acumulando algumas derrotas em Brasília e priorizando uma agenda paulista.
O corte dos recursos do ministério comandado pelo ex-prefeito de São Paulo foi em números absolutos o maior da Esplanada. Chegou-se a soma de R$ 17,2 bilhões de um total de R$ 31,7 bilhões previstos inicialmente. A pasta comanda por Kassab tem dentro do leque de programas o Minha Casa Minha Vida, projeto considerado por aliados e adversários de grande potencial eleitoral.
Antes de perder verbas, Kassab foi minado na sua articulação política, avalizada pelo Planalto. Ele viu posto de "superministro" ser atacado por integrantes da base aliada ao incentivar a criação do Partido Liberal (PL). O surgimento de um novo partido poderia servir de janela para que parlamentares insatisfeitos migrassem para o PL, sem correrem o risco de perderem o mandato.
A ideia tinha o apoio do governo, que queria depender menos do PMDB e incentivar a criação de um novo partido de centro. Mas o PMDB reagiu e aprovou uma lei que dificulta a migração partidária. O PL acabou sendo registrado na véspera da sanção da lei pela presidente Dilma Rousseff. O Tribunal Superior Eleitoral deve julgar em breve se o registro do partido terá validade de acordo com as novas ou antigas regras.
Na disputa por espaço do segundo escalão, Kassab encarregou o presidente interino do PSD, Guilherme Campos, para discutir os espaços com representantes do governo. Quando há riscos de perdas tem, entretanto, assumido a frente das negociações. "Estivemos lá no Mercadante para discutir essa questão da Codevasf", lembra o senador Otto Alencar (PSD-BA), se referindo à dsputa pelo comando da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba. Apesar da intervenção, o controle empresa pública foi parar nas mãos de um indicado do PP.
Assim como já vinha fazendo antes do anúncio oficial do contingenciamento, Kassab minimizou o impacto do corte.
Na análise feita logo após a divulgação dos números do bloqueio do Orçamento, ele considerou que as obras de grande complexidade não irão parar, mas apenas terão os respectivos cronogramas mais alongados em relação à previsão inicial.
Viagens e eleições. O ministro enxerga dias melhores para a conduão da pasta no ano de 2016, quando devem iniciar as contratações da terceira fase do Minha Casa Minha Vida. O período de execução da nova etapa coincide com as eleições municipais, ocasião em que o PSD de Kassab pretende ampliar o número de prefeitos eleitos em 2012, quando conquistou 497 municípios.
Na disputa da capital paulista, figura atualmente como um possível nome do partido Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT).
O Estado de São Paulo tem sido a prioridade na agenda de Kassab. De janeiro até hoje, o ministro teve visitas previstas em ao menos 62 cidades, de acordo com informações coletadas no site do Ministério das Cidades. Mais da metade das viagens foram a municípios paulistas. No total, Kassab foi ao menos 33 vezes a São Paulo. Só em maio, foram oito viagens a municípios paulistas, predominantemente no interior do paulista.
Neste mês, Kassab rodou os municípios de Garça, Mogi Guaçu, Hortolândia, Bauru, São Bernardo do Campo, Americana e Penápolis. Já esteve em outras ocasiões na região de Campinas, São Bernardo do Campo, Santos, e outras 14 cidades paulistas.
Foram ao menos quatro visitas à capital do Estado para eventos e encontro com o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Nos outros Estados, as visitas foram menos frequentes.
Até o ano eleitoral de 2016, Kassab espera também manter em Brasília o mesmo ritmo dos primeiros meses de governo. Em relação ao andamento das atividades no Legislativo, normalmente, todas as segundas-feiras, ele se reúne com o líder do PSD da Câmara, Rogério Rosso, para tomar conhecimento das principais propostas em discussão na Casa.
Segundo Rosso, o ministro não tem interferido e tem dado autonomia para a bancada nas votações de propostas polêmicas como a PEC da Bengala e o projeto de terceirização. "Ele delegou a condução da bancada. Conversamos na segunda e no dia seguinte ele já está viajando pelo País", afirmou.
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