• São esperadas mais baixas na região Sul do país e em Pernambuco
Sérgio Roxo e Tatiana Farah - O Globo
-SÃO PAULO- Desgastado com a crise política, o PT já perdeu neste ano aproximadamente 20% dos seu prefeitos no estado de São Paulo. De acordo com o presidente do Diretório Estadual, Emídio de Souza, “13 ou 14” dos 68 prefeitos já se desfiliaram formalmente ou comunicaram ao partido a decisão de sair. Há expectativa de que também ocorram baixas, pelo menos, nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Pernambuco.
Em São Paulo, Emídio reconhece que mais nomes anunciarão a saída até o começo do outubro, prazo máximo para mudança de legenda para os políticos que pretendem disputar as eleições municipais do próximo ano.
Segundo o dirigente petista, os prefeitos do interior deixaram a legenda por “insatisfação com o não atendimento de emendas” e pelo “desgaste da imagem do PT” nos últimos meses, que teria levado ao medo de perder a eleição do ano que vem.
Emídio disse que entre os que deixaram o partido estão os prefeitos de municípios como Itupeva, Jaú, Taquaritinga, Sales Oliveira, Roseira, Piquete, Iracemapólis e Santa Branca. Segundo ele, não há nenhuma grande cidade no grupo. O maior dos municípios é Jaú, com cerca de 140 mil habitantes.
— É uma série de fatores. Não é um fator só que me fez sair do partido — disse Ricardo Bocalon, prefeito de Itupeva, evitando detalhar as razões.
O presidente do PT paulista acusa o vice-governador de São Paulo, Márcio França, presidente do PSB no estado, de comandar “uma operação coordenada” para atrair prefeitos petistas insatisfeitos para a sua legenda.
— Ele está pescando em aquário — afirma o dirigente.
França não foi encontrado ontem para comentar a acusação. Além do PSB, o destino dos prefeitos tem sido o PSD, do ministro das Cidades, Gilberto Kassab.
— O Kassab também pesca no nosso aquário —completa Emídio.
Falcão descarta impeachment
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, revelou que dirigentes do partido em Pernambuco relataram que dois ou três prefeitos do estado também anunciaram a saída neste ano. Falcão minimizou a saídas, alegando que muitos dos que devem abandonar o PT entraram recentemente no partido e não têm fortes vínculos ideológicos com a legenda.
— Eu prefiro ficar com gente com mais consciência — disse o petista.
Em um seminário com dirigentes estaduais do PT, Falcão afastou ontem a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff enfrentar um processo de impeachment. Para ele, falta unidade interna entre o PMDB e o PSDB para fechar um acordo sobre o caso. A intenção dos opositores, segundo ele, é enfraquecer o governo, mas já haveria uma “retração” da crise política:
— Ocorreu uma retração com apoio do empresariado, falta unidade interna no PMDB, falta unidade interna no PSDB e não há unidade entre ambos também. Sem esses dois partidos — não que o PMDB tenha interesse nisso —, sem um bloco de forças coerentes com a ideia do afastamento da Dilma, isso não ocorrerá.
Questionado sobre o papel do vicepresidente Michel Temer na crise política, Falcão defendeu o peemedebista e disse que ele não se apresentaria como alternativa à presidente. E disse que o PT vai ingressar com medidas judiciais caso haja pedido de abertura de um processo de cassação pelo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Gilmar Mendes.
— Acho que isso (o processo) é mais fogo de artifício do que base real para qualquer contestação da eleição da Dilma — disse Falcão.
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