Enquanto a presidente Dilma Rousseff afirma em entrevista a alguns dos principais jornais brasileiros que o governo demorou para se dar conta da gravidade da crise econômica que atinge o país, demonstrando mais uma vez, e cabalmente, a sua proverbial incompetência, o trabalhador continua sofrendo com os efeitos perversos de uma recessão que se instalou há tempos e parece não ter data para ir embora. Apesar de o lulopetismo ter passado os últimos anos propagando a falácia de que o Brasil vivia uma situação de “pleno emprego”, a realidade aponta na direção contrária. Faltam vagas, sobram demissões e, infelizmente, a perspectiva é de que o pior ainda esteja por vir.
Segundo dados divulgados pelo IBGE, o índice de desemprego no país alcançou 8,3% no segundo trimestre deste ano, o que corresponde a 8,4 milhões de pessoas e representa o pior resultado da série histórica. Houve aumento da taxa de desocupação tanto em relação ao mesmo período do ano passado (quando o percentual era de 6,8%) quanto se compararmos com o trimestre anterior (7,9%).
O número de brasileiros desempregados cresceu 23,5% em todo o país na comparação com o segundo trimestre de 2014, o que significa dizer que mais de 1,5 milhão de pessoas perderam seus empregos. Em relação ao primeiro trimestre deste ano, o aumento foi de 5,3% (421 mil pessoas). E não entram nessa conta aqueles que têm idade para trabalhar, mas não estão empregados nem procuram emprego: 63,5 milhões em todo o país.
No recorte por regiões, o Nordeste, cantado em prosa e verso pelo PT como o grande beneficiário e principal foco de atenção do atual governo, registrou uma taxa de desocupação superior aos dois dígitos (10,3%), acima da média nacional. Para se ter uma ideia, de acordo com o Ministério do Trabalho, 158 mil vagas formais foram fechadas somente em julho, o pior resultado para o mês desde 1992. No acumulado do ano, mais de 492 mil postos de trabalho com carteira assinada foram cortados.
Sem saber o que fazer para debelar a crise, o governo imagina que a solução se dará pelos subsídios a alguns setores “privilegiados” da economia, entre os quais o automotivo, exatamente como foi feito pelo ex-ministro Guido Mantega – o que pode até servir como medida paliativa para conter demissões, mas por um período muito curto.
A escalada do desemprego é o retrato mais visível da gravidade da crise que a presidente demorou a perceber que existia. Dilma demonstra não ter mais fôlego para concluir o mandato para o qual foi eleita de forma ilegítima e imoral, com base em mentiras, na desconstrução criminosa de seus adversários, no estelionato eleitoral e nas inúmeras irregularidades nas contas de sua campanha.
Rejeitado pela esmagadora maioria do povo brasileiro e ainda mais isolado politicamente, o governo é hoje sustentado pelo setor que sempre se locupletou das benesses do poder. O sistema financeiro, que “nunca antes neste país” lucrou tanto, como costuma dizer o próprio Lula, e os representantes do grande capital são os principais apoiadores da continuidade de Dilma no cargo. Neste momento, em face do desmantelo que enreda o governo do PT, e aqui falo em nome também da Direção Nacional do PPS, o impeachment se apresenta como a alternativa mais democrática e constitucional para que o país resgate a governabilidade e retome o caminho do desenvolvimento.
O conto de fadas criado pela máquina de propaganda não engana mais ninguém. A crise econômica não é uma “marolinha” e irá se agravar, penalizando os mais pobres e tirando o emprego de milhões de pessoas. Infelizmente, o país vem pagando muito caro pela irresponsabilidade sem limites dos tempos de Lula e Dilma. Enquanto uns e outros são sempre contemplados, o trabalhador brasileiro é quem mais continua sofrendo com o pesadelo da recessão.
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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
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