Por Cristiane Agostine - Valor Econômico
SÃO PAULO - Neste ano, o PT já perdeu 20% de seus prefeitos em São Paulo - 14 de um total de 68 -, maior colégio eleitoral do país. Receosos com o desgaste da sigla e com a falta de repasses federais, que podem comprometer sua reeleição, esses prefeitos têm se rendido ao assédio de partidos da base do governador Geraldo Alckmin, sobretudo do PSB, do vice-governador, Marcio França. O presidente do diretório estadual do PT, Emídio de Souza, admite que o êxodo deve crescer até outubro, quando termina o prazo para troca de partido com vistas à próxima eleição. O PSD de Gilberto Kassab "também pesca no nosso aquário", diz Souza.
Sigla perde 20% dos prefeitos em SP
O PT perdeu neste ano 20% de seus prefeitos em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Segundo o presidente do diretório estadual do partido, Emídio de Souza, pelo menos 14 dos 68 prefeitos petistas já se desfiliaram ou anunciaram a saída do partido. A migração deve aumentar até o início de outubro, quando termina o prazo para troca partidária para disputar as eleições municipais de 2016.
O secretário nacional de organização do PT, Florisvaldo Souza, afirmou ontem que há movimentos semelhantes de saída de prefeitos do partido em Pernambuco, Paraná e Santa Catarina.
Em São Paulo, entre as justificativas dadas pelos prefeitos petistas estão o desgaste da imagem do PT com denúncias de corrupção, o medo de perder a eleição por serem filiados ao partido, a falta de repasse de recursos do governo federal às cidades e o assédio feito pelos partidos da base do governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), sobretudo do PSB, do vice- governador Márcio França.
"Até agora são 13 ou 14 prefeitos, mas esse número deve crescer", afirmou Emídio ontem, depois de participar de um encontro do partido na capital. "É uma operação comandada por França", disse o petista, em referência ao assédio feito pelo vice-governador, que é presidente estadual do PSB-SP e dirigente nacional do partido. Para o presidente do PT paulista, o governo paulista está cooptando petistas por intermédio do vice-governador. "Ele está pescando no nosso aquário". Emídio comparou França ao ex-governador Orestes Quércia, que nos anos 80 levou prefeitos do interior para o PMDB enquanto ocupava o cargo de vice no governo de Franco Montoro.
Há assédio também do PSD do ministro Gilberto Kassab (Cidades), que é presidente nacional e estadual da sigla. "Kassab também pesca no nosso aquário", disse.
Entre as cidades que o PT perdeu o comando municipal estão Itupeva, Jau, Taquaritinga, Sales Oliveira, Roseira, Piquete, Iracemápolis, Santa Branca e Dobrada - nesta última, o prefeito irá para o PSDB. Juntas, essas nove cidades somam 233 mil eleitores - 0,7% do total do Estado.
O vice-prefeito de Jundiaí também deixará a legenda. O presidente do PT não informou quantos vereadores petistas já avisaram o partido sobre a desfiliação, mas afirmou que a legenda tentará cassar os mandatos deles.
Emídio minimizou o impacto eleitoral dessas desfiliações e afirmou que são cidades com eleitorado pequeno. "As grandes estão mantidas com o PT", afirmou. "Comandamos 45% dos eleitores do Estado". Só a capital paulista, com Fernando Haddad, tem 27% dos eleitores de São Paulo.
Em 2014, o PT saiu enfraquecido das eleições no Estado. Na disputa para o governo paulista, o ex-ministro e atual secretário municipal Alexandre Padilha recebeu 18,2% dos votos válidos, o pior resultado eleitoral da legenda desde 1994. Padilha venceu apenas em Hortolândia, cidade com 138 mil eleitores. A bancada estadual caiu de 24 deputados para 14, a federal diminuiu de 16 para 10 e o petista Eduardo Suplicy, que estava no Senado desde 1990, perdeu a disputa por mais um mandato.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou que apesar das deserções em São Paulo, o partido deve filiar prefeitos em Minas Gerais, Bahia, Ceará e Acre - Estados comandados pela legenda.
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