- Folha de S. Paulo
A fumaça da crise adensa o ar em Brasília. O Datafolha afere rejeição inédita de Dilma Rousseff, decorrente tormenta política e econômica pela qual o país passa, e os problemas do governo ganham periodicidade contada em horas, temperados pelo imprevisível que habita a Operação Lava Jato. Enquanto a presidente fala em "travessia" e o PT convoca sua militância para ir às ruas, três dos principais atores do governo trataram de admitir a gravidade da crise nesta quarta-feira (5).
A expressão mais dramática coube a um estranhamente emotivo vice-presidente Michel Temer (PMDB), que falou em "grave crise" e pediu união. Dirigia-se principalmente ao Parlamento. Na noite anterior , a Câmara deixara aberta a porteira a uma "pauta bomba" quando todos haviam concordado em adiá-la. Temer ouviu Joaquim Levy , o ministro que se equilibra na cadeira da Fazenda, e pediu responsabilidade aos congressistas. O próprio Levy e Aloizio Mercadante (Casa Civil) reforçaram o coro.
O vice falou que poderia "reunificar todos", o que possui leitura ambígua quando Dilma pode ter um pedido de impeachment analisado. E o regente do processo será o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que se dedica a alternar frases conciliadoras a estocadas no governo, a quem culpa por sua certa denúncia no petrolão. O PSDB joga com Cunha, embora finja que não. O petrolão amplifica os temores sobre crise, já que delações premiadas que podem complicar ainda mais governo e PT estão em negociação. Por fim, o previsível panelaço da noite desta quinta (6) contra o programa do partido serve de aquecimento para o ato anti-Dilma do dia 16.
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