- Blog do Noblat / O Globo
Envolvido pela mística de que seria um mês agourento para a política nacional e marcado por episódios traumáticos que mudaram os destinos do país, como o suicídio de Getúlio Vargas e a renúncia de Jânio Quadros, agosto apresentou seu cartão de visita à presidente Dilma Rousseff com a notícia explosiva da prisão de José Dirceu, ex-presidente do PT e ministro da Casa Civil no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Apontado pelos investigadores da Operação Lava Jato como o principal responsável pelo esquema de corrupção na Petrobras, o petista retorna à prisão ainda em meio ao cumprimento da pena resultante de sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal por crimes cometidos em outro escândalo de triste memória para o país, o mensalão.
A prisão de Dirceu e o avanço das investigações do petrolão, que já batem à porta do Palácio do Planalto e atingem o núcleo de comando do esquema, escancaram a que ponto chegou o aparelhamento da máquina pública pelos governos petistas, o que configurou um verdadeiro assalto perpetrado ao Estado brasileiro. Com o mensalão e o petrolão indelevelmente associados aos tempos de Lula e Dilma, o PT deixará como sua herança maldita uma República de “pixulecos” – termo utilizado pelos criminosos que roubaram a Petrobras ao se referir à propina movimentada no esquema. Nos governos petistas, para onde quer que se olhe, a corrupção e o desmantelo parecem não ter fim.
Além dos recentes capítulos da Lava Jato e dos episódios vindouros que certamente reservam novos dissabores àqueles que têm culpa no cartório, o governo do PT agoniza em meio à decomposição de sua base de sustentação parlamentar e ao agravamento de uma das maiores crises econômicas de nossa história. A inflação dos últimos 12 meses se aproxima dos dois dígitos, o país caminha para uma recessão de proporções inimagináveis, o desemprego segue em alta, o endividamento das famílias quebra sucessivos recordes, a produção industrial desmorona e a aprovação à presidente da República não para de esfarelar, o que complica ainda mais a situação de um governo que perdeu a credibilidade junto à opinião pública, à classe política e aos agentes econômicos.
Em um cenário tenebroso, o que nos dá esperança é o bom funcionamento de nossas instituições, entre as quais uma Polícia Federal republicana e um Ministério Público cada vez mais atuante. Apesar do desastre do Executivo, os demais Poderes da República vêm exercendo seu papel com altivez: o Legislativo adota uma postura independente e tem sido capaz de pautar o debate nacional por meio de uma agenda própria em consonância com a sociedade; e o Judiciário leva a cabo um eficiente trabalho simbolizado pela figura do juiz Sérgio Moro, que conduz as ações penais decorrentes da Lava Jato.
Enquanto o Parlamento e o Judiciário trabalham ativamente, o atual governo continua paralisado, acuado pelas novas denúncias do petrolão e na iminência de ter suas contas rejeitadas pelo TCU na análise das “pedaladas fiscais”. Isso sem falar nas manifestações do dia 16 de agosto em todo o país, que devem levar multidões às ruas, representando a ampla maioria da população brasileira que já defende a intervenção constitucional do impeachment.
Diante do quadro de ingovernabilidade instalada, aumentam as chances de abertura do processo de impedimento de Dilma Rousseff pelo Congresso Nacional. Os brasileiros não suportam mais três anos e meio de corrupção, inflação, desemprego e recessão econômica. Não será fácil, mas o Brasil tem todas as condições de se reerguer com um novo governo que resgate a confiança no país e aponte outros rumos. Merecemos, afinal, muito mais do que uma República pixulecos.
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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
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