• Uma de cada quatro pessoas que ficaram sem trabalho no último ano está na região metropolitana fluminense
Daiane Costa – O Globo
- RIO e BRASÍLIA- A taxa de desemprego das seis maiores regiões metropolitanas do país ficou em 7,6% em setembro, a mais alta para um mês desde 2009. O número mostra um salto em relação aos 4,9% registrados no mesmo mês do ano passado, o que significa um aumento de 56,6% no contingente de desempregados, ou 670 mil pessoas a mais. Desse total, 25%, ou 170 mil, estão no Rio de Janeiro, região com maior crescimento do número de desempregados— alta de 86,5% em um ano. Com isso, mesmo se mantendo abaixo da média das regiões, a taxa de desemprego do Rio chegou a 6,3%, quase o dobro dos 3,4% registrados um ano antes, mostram dados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE
Para o economista Fernando de Holanda Barbosa, professor da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getulio Vargas, o mercado de trabalho fluminense está sendo fortemente afetado pela crise da Petrobras. A estatal cortou investimentos causando prejuízos a toda cadeia de prestadores de serviços de óleo e gás:
— O impacto da Petrobras é colossal. Complexo de refinarias, a indústria naval, estaleiros. Todos foram impactados, destruindo vagas.
Efeito verão
O economista Claudio Dedecca, do Instituto de Economia da Unicamp, aponta ainda as razões sazonais que pressionam a procura de vagas no Rio.
— É uma época em que muita gente que não estava trabalhando se lança em busca de uma oportunidade por conta da chegada do verão, para trabalhos turísticos e ligados à praia — explica.
Na comparação com os meses de julho e agosto, a taxa de desemprego das regiões cobertas pela pesquisa — Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre e Recife — ficou praticamente estável, quebrando a tendência histórica de queda do desemprego no segundo semestre. A única exceção foi São Paulo, onde a taxa recuou de 8,1% em agosto para 7,3% em setembro.
— A queda na taxa de desemprego ocorrida em São Paulo deveria estar acontecendo em todas as outras regiões, pois, historicamente, os meses de julho, agosto e setembro têm mais pessoas trabalhando em razão da demanda extra para atender as vendas do varejo no fim do ano — diz José Marcio Camargo, professor de Economia da PUC- RJ.
Para Dedecca, a queda em São Paulo reflete um estancamento das demissões, já que a indústria, que é a segunda atividade que mais emprega na região, já havia feito muito cortes e tem segurado pessoal para a produção para o fim de ano.
Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Renda do IBGE, acrescenta que parte dessa pressão extra no mercado — que não contrata — pode ter sido motivada pela queda na renda, que vem perdendo a corrida para a inflação. Na passagem de agosto para setembro, o rendimento médio real ( descontado o impacto da inflação) caiu 0,8%, e, em relação ao mesmo mês de 2014, a perda foi de 4,3%.
— O aumento expressivo da população desocupada pode ser reflexo justamente da queda na renda, pois impacta no rendimento do domicílio e leva mais pessoas da família, que estavam inativas, a pressionarem o mercado — analisa Adriana.
Caged mostrará mais desemprego, diz ministro
A renda média do trabalhador do Rio caiu mais do que a média e, na passagem de agosto para setembro, a perda foi a maior dentre as regiões pesquisadas: 5,1%. Na comparação com setembro de 2014, o rendimento da região ficou 5,5% menor, em R$ 2.445,80. A queda no poder de compra atingiu todos os segmentos da economia fluminense, mas foi mais acentuada nos setores que mais empregam. É o caso do grupo de outros serviços, que engloba trabalhadores de hotéis, bares, restaurantes e motoristas de ônibus — cujo rendimento real caiu 11,9% na passagem de agosto para setembro. Para Dedecca, não fosse a queda na renda, o desemprego poderia ser ainda maior, pois as empresas teriam de demitir mais para equilibrar custos.
Em Brasília, o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, adiantou ontem que Cadastro Geral de Empregados e Desempregados ( Caged), que deverá ser anunciado hoje, vai reforçar que o aumento do desemprego no país continua. No mês passado, o Caged demonstrou que 86.543 pessoas perderam o emprego. Rossetto não adiantou os números que estarão no Caged, mas foi taxativo sobre o desemprego:
— Haverá redução do nível de emprego formal. Sexta- feira ( hoje) vamos ter isso.
Colaborou Chico de Gois
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