Tucano deixa São Paulo em relativo equilíbrio orçamentário, mas seu governo não tem marca clara
Responsável e pragmático ou carente de ousadia e inovação. Há modos diferentes e complementares de descrever o desempenho de Geraldo Alckmin (PSDB) à frente do governo paulista.
No atual quadro deplorável das finanças públicas do país, não se pode menosprezar o relativo equilíbrio orçamentário do estado após os efeitos da profunda recessão de 2014-16 sobre a arrecadação.
Paga-se em dia o funcionalismo; haverá obras a inaugurar neste ano eleitoral, ainda que precárias ou atrasadas como a linha de trem para o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
São Paulo, ademais, não precisa sacrificar sua autonomia para mendigar dinheiro da União.
É inevitável a comparação com o Rio de Janeiro sob intervenção federal, com o ex-governador preso e contas em atraso. Ou com o próprio governo federal, que precisa se endividar a cada dia para pagar despesas do custeio rotineiro.
Com isso parece contar o tucano, que se lança pela segunda vez na corrida ao Planalto —na primeira, enfrentou um Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, embora enfraquecido pelo escândalo do mensalão, dispunha da máquina pública em momento de bonança.
Agora, numa disputa muito mais fragmentada e imprevisível, candidata-se em primeiro lugar a reunir em torno de si as forças políticas e econômicas centristas.
A tarefa seria mais simples se dispusesse de expressivas intenções de voto. Estas, porém, não passavam de 11% em pesquisa Datafolha, no final de janeiro, sem o nome de Lula na cédula.
Fora o feito de não ter quebrado o estado, Alckmin terá poucas marcas para associar a sua gestão.
Pretende explorar, decerto, os bons números —os melhores do país— em redução de homicídios. Trata-se, no entanto, de avanço notado desde a década passada.
Também antigo é o reconhecimentos dos méritos tucanos nas ótimas condições das rodovias paulistas. De mais recente, há a prisão de Paulo Vieira da Costa, acusado de corrupção no comando da estatal do setor (que ocupou de 2005 a 2010).
Não será por acaso que o PSDB venceu todos pleitos para governador do estado desde 1994 --o próprio Alckmin foi eleito três vezes, as duas últimas no primeiro turno.
Mas a falta de alternância no poder sempre cobra seu preço. Uma oposição mais competitiva sem dúvida estimularia a administração paulista a oxigenar ideias e a renovar programas de ação.
Aqui se pode observar um contraste com a disputa política na capital, historicamente acirrada, e com a hiperatividade do tucano João Doria, que deixou a prefeitura para disputar a sucessão estadual.
Nesse caso, o que faltou ao ex-pupilo de Alckmin, até por falta de tempo, foi demonstrar capacidade de planejamento e execução de suas muitas propostas.
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