Índice reprova todos os estados e mostra ser difícil atingir metas tendo como referência a OCDE
Mais uma pesquisa sobre a qualidade da educação com resultados negativos e que chega no momento em que candidatos aos executivos federal e estaduais, e aos respectivos legislativos, aceleram a busca por votos. Coincidência feliz, mas que também pode inspirar propostas salvacionistas que nada produzem, a não ser ilusões hoje e frustração mais à frente.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), referente a 2017, reforça a constatação antiga da extrema dificuldade no aprimoramento do ensino fundamental e médio, principalmente deste último, onde há elevada evasão.
Calculado a cada dois anos, o Ideb nacional ficou praticamente estável em relação a 2015 — 3,8 contra 3,7 —, porém o mais grave é a distância em relação à meta de 4,7. Assim, torna-se cada vez mais difícil chegar-se a 2022 com o resultado médio atual do conjunto dos países desenvolvidos, congregados na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), conforme pactuado entre governo e organizações civis que atuam no setor.
O quadro é ruinoso. Nenhuma das 27 unidades atingiu os objetivos pré-definidos —entre as notas 5,2 (Santa Catarina), a mais elevada, e 3,7, a mais baixa (Amazonas). É da natureza humana buscar longe de si a responsabilidade por fracassos. Faz relativo sentido formular alguma relação entre a grave crise fiscal brasileira e o Ideb-2017, mas não se aconselha usar este tipo de explicação fácil, ao feitio de corporações.
Afinal, o perfil do Ideb de 2017 não aponta dificuldades muito diferentes das que já vinham sendo detectadas: à medida que o aluno avança de série no fundamental, cai seu rendimento, processo que se agrava no ensino médio, em que a crise educacional fica exposta em toda a sua gravidade, comprometendo o futuro do país.
Deve-se ressaltar que não tem existido passividade no setor público. Pelo contrário. Desde o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) até Temer (MDB), passando por Lula — exceto o primeiro mandato —e Dilma (PT), houve inclusive uma continuidade de trabalho no MEC.
A formulação, em curso, da Base Nacional Curricular Comum, para alinhar o que precisa ser ensinado em todas as aulas de aula, sem desconsiderar culturas regionais, é coerente com a gestão desde Paulo Renato Souza, nos governos tucanos, por exemplo. O mesmo ocorre com a importante reforma do problemático ensino médio.
Outro aspecto é que não há desconhecimento do que precisa ser feito. Há diversos casos de êxito espalhados pelo país, como no Ceará. Em praticamente todos os estados e municípios existem escolas que se destacam. Mas persiste o desafio da multiplicação dessas experiências pelo país.
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