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Tudo o que que o senhor mandar
Está tudo pronto para o PT ficar de fora da eleição presidencial deste ano. Tudo pronto. Basta que Lula queira. Foram meses a fio de repetição por toda parte que Lula acabara preso porque se desejava impedir sua candidatura. Quem? Os golpistas, ora.
Não importa que ele tenha sido condenado a 12 anos de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro. E que lei assinada por Lula determine sem a menor margem de dúvida que um condenado por órgão colegiado não possa concorrer a cargo público.
Minta até cansar que sempre haverá gente para acreditar no que você diga. Funciona! Costuma funcionar. Não é também o que faz Jair Bolsonaro, deputado há quase 30 anos, ao se apresentar como não político? Ao dizer que tudo se revolve à bala?
Lula perdeu todos os recursos que impetrou para ser absolvido e solto. Simplesmente todos. E daí? É inocente. Mais inocente que nunca! E foi assim que, de dentro da cela, o encarcerado em Curitiba só fez crescer nas pesquisas de intenção de voto.
Ao desafiar a recente decisão da Justiça Eleitoral de negar registro à sua candidatura, que fez o PT às ordens de Lula? Continuou a fazer de conta no rádio e na tv que decisão final a respeito não havia. Então Lula para fazer o Brasil feliz de novo!
O tribunal reagiu punindo o partido com a retirada do ar de sua propaganda – que bom, mais uma prova da perseguição! Fernando Haddad, o falso candidato a vice de um partido sem candidato, foi denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro.
Melhor ainda! A perseguição a Lula se estende agora ao seu substituto confirmando o discurso do PT. Uma vez que renuncie a lançar candidato à presidência, o PT escapará ao risco de não conseguir por Haddad no segundo turno.
Estará na oposição ao próximo governo seja quem for o presidente. E apostará no pior do pior para um dia voltar ao poder. Será assim se Lula preferir. Para que a romaria a Curitiba não cesse. Para que ele permaneça no comando.
A lambança do IBOPE
Pesquisa guardada alimenta boatos nas redes sociais
No dia 29 de agosto, o IBOPE registrou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pesquisa sobre intenção de votos nos candidatos a presidente da República contratada pela Rede Globo de Televisão e o jornal O Estado de S. Paulo.
Como das vezes anteriores, seriam apresentados aos entrevistados dois cenários – um com Lula candidato, outro com Fernando Haddad. Ocorre que na madrugada do último sábado, dia 1º, o TSE negou o pedido de registro da candidatura de Lula.
Não só. Mandou retirar o nome de Lula da programação da urna eletrônica de votação, proibiu a Lula a prática de atos de campanha, incluindo a veiculação de propaganda no rádio e na televisão, e deu ao PT prazo de 10 dias para que indicasse novo candidato.
Que fez o IBOPE então? Diz que por causa disso só testou na pesquisa o cenário sem Lula. Quis “se por de acordo com o julgamento e as determinações do tribunal”. Ontem à tarde, porém, consultou o TSE em busca de aval para divulgar os resultados.
Até o meio da madrugada de hoje, o tribunal não havia respondido à consulta. Não sei se responderá. E não sei por que deveria responder. Onde está escrito que instituto de pesquisa não pode pesquisar o que quiser?
Pesquisa não é ato de campanha. Poderá ser usada por partidos como se ato fosse, mas não é. Pesquisa de intenção de votos serve para informar ao cidadão como evoluem as chances dos candidatos capazes ou não de merecer o seu voto.
É uma informação de utilidade pública como outra qualquer. Não está sujeita à censura prévia porque não estamos em um Estado de exceção. De resto, se o IBOPE tinha dúvidas, por que não adiou a aplicação da pesquisa como fez o Datafolha?
Se dúvida havia, e se achava necessário consultar o tribunal a respeito, por que não testou os dois cenários para só depois decidir o que fazer? Ao fim e ao cabo, o erro original do IBOPE e dos demais institutos foi o de tratar Lula como candidato.
Onde um fora da lei, de lei sancionada por ele mesmo, condenado e preso, poderia ser candidato?
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