Marina Dias | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O candidato do PT ao Planalto, Fernando Haddad, telefonou na tarde desta segunda-feira (22) ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e debateu o que chama de escalada de ataques de seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), a diversas instituições do país.
Haddad relatou à Folha que o tucano está muito preocupado com os rumos do Brasil e que, assim como ele, avalia que a democracia "está em jogo" na disputa presidencial deste ano. Ainda de acordo com o petista, nenhum pedido de apoio público foi firmado.
"Não era o objetivo do telefonema", declarou. "Disse a ele [FHC] que nosso solo comum, a democracia, está em jogo, e ele concordou. Ele está realmente preocupado", afirmou Haddad.
O candidato do PT havia dito pela manhã que telefonaria a FHC ainda nesta segunda, depois que o ex-presidente condenou as declarações de um dos filhos de Bolsonaro, Eduardo, que disse que "bastam um soldado e um cabo" para fechar o STF (Supremo Tribunal Federal).
O tucano disse que a fala do filho do candidato do PSL "merece repúdio dos democratas" e "cheira a fascismo". Haddad comemorou o discurso do ex-presidente, uma pessoa que ele classificou como "insuspeita".
Desde o início do segundo turno, Haddad tenta atrair FHC para uma frente democrática contra a candidatura de Bolsonaro, mas não conseguiu o apoio explícito do tucano.
O ex-presidente, crítico ao capitão reformado, chegou a dizer que havia uma "porta" para o diálogo com o petista, mas em seguida declarou que ela estava "enferrujada" e os dois não chegaram a se falar pessoalmente.
Aliados de Haddad rechaçam a insistência do petista em formar uma ampla aliança, inclusive com nomes da centro-direita, como FHC, e o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa (PSB).
Apesar de ter aberto diálogo com ambos, Haddad não conseguiu deles nenhuma ação prática e tem sido orientado pelos dirigentes do PT a focar o discurso no eleitorado mais pobre e ser mais agressivo ao tentar desconstruir Bolsonaro.
Nesta segunda, em uma de suas falas mais fortes sobre a disputa presidencial deste ano, o petista afirmou que as instituições estão se sentindo ameaçadas pela linha dura das Forças Armadas e que, por isso, têm demorado para reagir aos ataques da campanha de Bolsonaro.
"As instituições estão se sentindo ameaçadas, inclusive pela linha dura de parte das Forças Armadas”, declarou.
O candidato do PT listou ainda o que chama de uma série de ameaças ao STF, à imprensa e à oposição ao capitão reformado, verbalizada pelo próprio candidato e por vários de seus apoiadores nas últimas semanas.
Diante desse cenário mais conflagrado, Haddad voltou a dizer que a equipe de seu adversário é formada por “milicianos” que querem tomar o poder “pela força” e que as autoridades precisam tomar alguma atitude.
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