Por Marcelo Ribeiro e Fabio Murakawa | Valor Econômico
BRASÍLIA - Preocupados com a provável polarização entre nomes do PSL e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) na disputa pela presidência do Senado, parlamentares de PSDB, PPS, PDT, PSB e Rede já começaram as articulações e sondagens para viabilizar uma candidatura competitiva que represente a terceira via na corrida pela principal cadeira do Senado. Os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Jarbas Vasconcelos (MDB-PE) seriam os mais cotados para representar o grupo na disputa, mas Simone Tebet (MDB-MS) corre por fora.
Representantes dos cinco partidos já se reuniram e voltarão a se encontrar para entrar em consenso sobre o nome a ser escolhido para fazer frente ao senador alagoano e a um possível indicado pelo hoje candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, favorito na corrida presidencial. As conversas ganharam importância com a derrota do atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), que não conseguiu se reeleger. Embora negue, Renan tem feito telefonemas aos colegas em busca de apoio para retornar ao comando do Senado.
Na avaliação do grupo, o sucessor de Eunício deve ser um político experiente e sem envolvimento em escândalos de corrupção. Outro critério considerado é que o candidato não seja alguém alinhado ao Palácio do Planalto. Ou seja, caso a vitória de Bolsonaro se confirme no domingo, o nome indicado não poderá ser alguém com proximidade com o presidente, já que o escolhido precisará ser um nome forte para "bater de frente" com o próximo presidente da República quando for necessário.
Uma das responsáveis pela derrota do clã Sarney no Maranhão, a senadora eleita Eliziane Gama (PPS-MA) disse que a união dos partidos é necessária, em meio às incertezas do que pode ocorrer caso Bolsonaro seja vitorioso nas urnas. "Estamos procurando conversar com partidos e lideranças para formar uma frente e lançar um nome que fuja do radicalismo que impera hoje no país. Vamos buscar alguém que tenha equilíbrio para enfrentar os desafios que se aproximam e que não serão fáceis", disse. "A união destes partidos permitirá devolver a altivez ao Congresso Nacional nos próximos anos. Buscamos uma terceira via, que tenha experiência, honestidade e não esteja disposto a baixar a cabeça para o Palácio do Planalto".
As discussões em torno de um nome para comandar o Senado, no entanto, ainda são incipientes, segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Ele admite que vem conversando com Eliziane sobre o assunto, mas afirma que o tema principal das conversas hoje é uma possível fusão de seu partido com o PPS. O Rede não atingiu os critérios mínimos para superar a cláusula de barreira eleitoral e está ameaçado de ficar sem fundo partidário e tempo de TV nas próximas eleições.
"O Tasso tem experiência, não tem nenhuma passagem por corrupção, quer renovar o PSDB. Está nesse perfil. O Jarbas tem uma história a favor dele, a Simone Tebet é outra que tem esse perfil", diz.
Entre os parlamentares, prevalece a percepção de que é preciso escolher um nome que simbolize o equilíbrio, a autonomia e a segurança necessários para quem esteja no comando do Poder Legislativo. "Tem que ser alguma coisa que não seja a velha política, mas que também não seja alinhamento incondicional com o Palácio do Planalto", afirma Randolfe
De acordo com a Eliziane, os partidos estão formando um grupo "que fuja da polarização e da radicalização para construir algo coletivo em nome do Parlamento".
A derrota de caciques emedebistas como Eunício, Romero Jucá (RR), e Edison Lobão (MA) abre espaço para que Calheiros, que foi reeleito e adotou uma postura crítica ao governo do presidente Michel Temer, tente viabilizar seu nome na disputa.
Em outra frente, a onda de apoio a Bolsonaro e seus aliados nas urnas pelo país deve fazer com que algum de seus apoiadores se aventure na corrida pela presidência do Senado. Essa perspectiva de um embate entre Renan e PSL obrigou partidos não tão alinhados com o governo Temer a iniciarem uma costura logo após o primeiro turno em busca de uma terceira alternativa.
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