- O Globo
Tratar a atividade civil com a lógica militar é caminho aberto para sérios transtornos que podem resultar em fracasso
Um governo quadrado, balizado por regras, princípios e ordenamentos militares, cercado por cones e arrumado na forma, com as limitações decorrentes, não será necessariamente um bom governo. É garantido que seja um governo chato e careta, mas isso não lhe garante êxito. Ao contrário, excesso de regras pode gerar sombra e perturbar a visão do todo. Se Jair Bolsonaro deixar-se engolfar pelo controle militar na forma de governar, pode se sentir à vontade e em casa, mas com certeza não estará nem um milímetro mais perto de quem o elegeu nem terá assegurado sucesso para sua administração.
O presidente tem que exercer de maneira civil o controle do governo e o comando das Forças Armadas. Bolsonaro foi eleito para o mais importante cargo brasileiro, cem vezes mais importante do que o de chefe do Exército, por exemplo, que é cargo do segundo escalão. As contenções militares das atividades civis conferem somente tranquilidade para quem as organiza. Vejam a posse do presidente na terça-feira passada. Foi um espetáculo bem organizado, mas diante da ênfase que se deu à segurança, o público de Bolsonaro foi retido a uma distância profilática do seu mito, o que acabou retirando um pouco de calor e emoção da solenidade. Mas os militares que organizaram a festa ficaram tranquilos.
O pensamento linear dos militares, sua disciplina, o inquestionável respeito que dão à hierarquia produzem ordem, nenhuma dúvida. Não haverá gente melhor para organizar uma marcha, um bom desfile, uma ordem-unida. Sua competência tampouco pode ser questionada nos quesitos de gestão e comando. Os militares são treinados para obedecer, e alguns a mandar. Seu êxito nos quartéis é claro como o dia. Tudo funciona num quartel militar. Nada se encontra fora do lugar. De um modo geral, seus orçamentos são cumpridos com rigor. O que é bom.
Talvez por isso, muita gente associe militar com eficiência e êxito. Trata-se de um evidente engano. Os militares funcionam assim porque ordem não cumprida resulta em punição, que vai da advertência até a cadeia. Na administração pública civil a história é bem diferente. Não que a desobediência seja regra, mas frequenta todos os gabinetes, até mesmo os do terceiro andar do Palácio do Planalto. A certeza da impunidade, já que o servidor é estável e demiti-lo é tarefa próxima do impossível, confere ao servidor civil uma independência que não se vê nos quartéis.
Generais podem ser bons comandantes, mas não são necessariamente bons políticos. Em geral não o são, e pelas mesmas razões que os fazem eficientes no comando da tropa. São duros, gostam de bradar (vejam o juramento de posse do vice-presidente general Mourão, que parecia estar se dirigindo à tropa), são disciplinadores, não aceitam respostas negativas e quando dão uma ordem exigem que ela seja cumprida. Mas governar é fazer política. Tão importante quanto saber mandar é ter cintura e maleabilidade para saber ceder e eventualmente perder.
Um bom militar é organizado e capaz de enfrentar dificuldades que resolverá sempre de acordo com os padrões. Um bom exemplo é o personagem principal do livro “Pantaleão e as visitadoras”, de Mario Vargas Llosa. O capitão Pantaleão Pantoja se vê na condição de organizar uma escala de visitas de prostitutas ao quartel que comandava e que estava isolado no meio da selva peruana. Os soldados precisavam das visitadoras, e Pantaleão fez com disciplina e a lógica militares uma escala de encontros amorosos.
Todos ficaram felizes, soldados, prostitutas e também o comandante Pantaleão. Os generais-ministros do presidente Bolsonaro são pessoas honradas, preparadas e capazes de exercer as tarefas para as quais foram escalados com competência e honestidade. Mas têm que cumpri-las com a ótica civil, que significa saber ouvir, compartilhar poder, respeitar o antagonista, arejar o ambiente. Não cabe no governo a alternativa Pantaleão. Os problemas civis têm de ser resolvidos de maneira civil.
O ministro Onyx Lorenzoni disse ontem, ao tomar posse na chefia do Gabinete Civil, que este vai ser um governo de diálogo, e que vai surpreender por isso. Um excelente recado para todos os seus pares. Sobretudo os militares. O governo é civil, embora seu chefe seja um ex-militar. Tratar a atividade civil com a lógica militar é caminho aberto para sérios transtornos que podem resultar em fracasso.
Um comentário:
Aqui no Brasil vai por aí: o governo da DilmANTA.
Além disso:
Bom, o Brasil piorou muito. Com o vigarismo da religião cujo nome é Petismo. Favoreceu bastante os bancos.
E há algo mais. Eis:
Necessitamos muito de bons hospitais. E escolas boas para os curumins.
Precisamos de alta-cultura. Alta literatura; Kafka, Drummond, Dostoievski, Machado de Assis, Aluísio Azevedo do Maranhão. De arte autônoma. E educação verdadeira nas escolas dos pequenos. O que não houve.
O Brasil vive consequência de nosso passado político bem atual (2 décadas).
Fome, falta de moraria, atraso, breguices, escolas ruins, falta de hospitais: concreto…
O resto são frasinhas® poderosas:
Eis aí a pura e profunda realidade sociológica e filosófica:
A “Copa das Copas®” do PT® em vez de se construir hospitais, construiu-se prédios inúteis! A Copa das Copas®, do PT© e de lula©.
Nada se fez em 13 anos para esse mal brasileiro horroroso. Apenas propagandas e propagandas e publicidade. Frasinhas.
Qual o poder constante da propaganda ininterrupta do PT®?
Apenas um frio slogan, o LUGAR DE FALA do Petismo® (tal qual “Danoninho© Vale por Um Bifinho”/Ou: “Skol®: a Cerveja que desce Redondo”/Ainda: “Fiat® Touro: Brutalmente Lindo”). Apenas signos dessubstancializados. Sem corporeidade.
Aqui a superficialidade do PETISMO®:
Signos descorporificados. Sem substância. Não tem nada a ver com um projeto de Nação. Propaganda:
Nem tudo que é legal é honesto. O PT® nos induz ao engodo com facilidade.
O PT é brega, cafona, barango e o Kitsch político. Além de ser truculento e falso. Utilizar de tudo quanto é artimanha publicitária para enganar as pessoas constantemente, eis aí o jeitão petista de ser (não é durante eleição não. É sempre o ano todo!).
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