- Folha de S. Paulo
Sem nova CPMF, equipe de Guedes anda em círculos
A reforma administrativa, cujo objetivo é conter a segunda maior despesa do governo (funcionalismo), será o próximo passo da agenda liberalizante do ministro Paulo Guedes (Economia). Na sequência, as alterações nas regras fiscais e a chamada PEC 3Ds, que propõe desobrigar, desvincular e desindexar o Orçamento da União.
A estratégia joga para o final da fila a reforma tributária e permite à equipe econômica ganhar tempo. Desde que Jair Bolsonaro mandou demitir o chefe da Receita Federal e descartou a proposta de recriação da CPMF, a pasta de Guedes não conseguiu se aprumar. Anda em círculos em busca de uma saída para desonerar a folha de salários.
Passados mais de nove meses da gestão bolsonarista, era de se esperar que o ministro e seus auxiliares estivessem preparados para o mais que provável veto ao imposto sobre pagamentos. Agora, fala-se em ir devagar com a reforma tributária, e um indefectível grupo de especialistas foi reunido no ministério para formular uma proposta governista. Enquanto isso, Câmara e Senado encaminham aos trancos, e de forma autônoma, suas medidas para simplificação dos tributos.
“Temos noção de que essa reforma tributária é importantíssima, mas não podemos, por urgência, fazer malfeito”, declarou o ministro nesta semana a investidores. Nas falas recentes de Guedes, transparece um rastro de esperança de retomar a (má) ideia da CPMF. Daí por que o tempo seria elemento útil para convencer Bolsonaro e o Parlamento de que esse é um imposto (in)viável.
Mas é curto o prazo para o governo. Em menos de três meses, o Legislativo encerrará 2019. Em 2020, as eleições municipais restringirão as atividades dos parlamentares ao primeiro semestre do ano.
A partir de 2021, Brasília respirará sucessão presidencial 24 horas por dia. Faltará capital político ao presidente, e o Congresso dificilmente entregará de bandeja uma reforma histórica para laurear o candidato Bolsonaro em 2022.
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