O
lado bom é que conhecemos o tamanho e a natureza da solidariedade do centrão
Eterno
otimista que sou, acho que o Brasil vai sair desta —só não vejo como.
O
problema maior é o Executivo. Algumas das vacinas contra a Covid-19 já foram testadas
e apresentaram ótimos resultados. Países europeus devem começar a imunizar seus
cidadãos na semana que vem. No Brasil, pelo plano do Ministério da Saúde, a
inoculação só deve ter início em março... se houver
seringas, porque o general especialista em logística que assumiu a
pasta não se preocupou em adquiri-las.
O
Exército ao menos é consistente em matéria de descaso com a epidemia.
Ele conseguiu criar bolsões de Covid-19 entre jovens que prestam o serviço
militar obrigatório.
Por falta de espaço, não detalho os desastres econômico, educacional, diplomático, ambiental etc. que a administração Bolsonaro implementa.
O
Legislativo, que no início da gestão conduziu uma agenda reformista e resistiu
aos projetos mais destrambelhados do bolsonarismo, resolveu, por meio do
centrão, aceder ao pedido de socorro do governo e apoiá-lo em troca de cargos.
Não chega a ser uma novidade, mas dar sobrevida à atual gestão é acumpliciar-se
a ela. O lado bom é que conhecemos o tamanho e a natureza da solidariedade do
centrão.
O
Judiciário também funcionou como anteparo aos excessos do presidente. Mas, a
revelarem-se corretos os rumores de que o Supremo autorizará a reeleição de
Rodrigo Maia e de David Alcolumbre para as presidências da Câmara e do Senado,
será forçoso concluir que os juízes perderam o juízo.
Até acho que essa deveria ser matéria "interna corporis", mas, depois que o constituinte escreveu no artigo 57, e de forma inusualmente clara, que a recondução é proibida, converteu-se em mandamento constitucional. Para entender o contrário do que está escrito, os ministros precisam abandonar seu papel de guardiões da Carta. Junto com ele vai a previsibilidade das regras do jogo, princípio basilar das democacias.
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