Fora do
debate político e dedicado à advocacia, Moro voltou ao noticiário devido à
divulgação das gravações de suas conversas com os procuradores da Lava-Jato
Moro:
Esse documento em que a perícia da PF constatou ter sido feita uma rasura, o
senhor sabe quem o rasurou?
Lula:
A Polícia Federal não descobriu quem foi? Não? Então, quando descobrir, o
senhor me fala, eu também quero saber.
Moro:
O senhor não sabia dos desvios da Petrobras?
Lula:
Ninguém sabia dos desvios da Petrobras. Nem eu, nem a imprensa, nem o senhor,
nem o Ministério Público e nem a PF. Só ficamos sabendo quando grampearam o
Youssef.
Moro:
Mas eu não tinha que saber. Não tenho nada com isso.
Lula:
Tem, sim. Foi o senhor quem soltou o Youssef. O senhor deve saber mais que eu
(referindo-se ao escândalo do Banestado).
Moro:
Saíram denúncias na Folha de S. Paulo e no jornal O Globo de que…
Lula:
Doutor, não me julgue por notícias, mas por provas.
Moro:
Senhor ex-presidente, você não sabia que Renato Duque roubava a Petrobras?
Lula:
Doutor, o filho quando tira nota vermelha, ele não chega em casa e fala: “Pai,
tirei nota vermelha”.
Moro:
Os meus filhos falam.
Lula:
Doutor Moro, o Renato Duque não é seu filho.
Moro:
Tem um documento aqui que fala do triplex…
Lula:
Tá assinado por quem?
Moro:
Hmm… A assinatura tá em branco…
Lula:
Então, o senhor pode guardar por gentileza!
O diálogo cortante acima, quase um repente, é o resumo do depoimento do réu Luiz Inácio Lula da Silva ao então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro, que circula nas redes sociais com o mesmo significado de quando ocorreu: um duelo verbal entre o ex-presidente da República e o líder da Operação Lava-Jato. É divulgado como uma peça de desconstrução de Moro, que, de acusador passa a acusado, na polêmica entre os advogados de Lula e os antigos integrantes da força-tarefa de Curitiba que desmantelou o esquema de corrupção na Petrobras. A Pesquisa XP/Ipespe, divulgada ontem, porém, mostra que o bombardeio contra o ex-juiz, do ponto de vista da opinião pública, pode ter errado o alvo. Moro aparece como o mais bem colocado nas simulações de segundo turno sobre a eleição para a Presidência da República de 2022.
Mesmo
assim, Bolsonaro continua sendo líder absoluto na pesquisa estimulada, com 28%
de intenções de votos. Moro (sem partido) e Haddad (PT) têm 12%; Ciro Gomes
(PDT), 11%. Estão embolados num empate técnico. A mesma coisa com Luciano Huck
(sem partido), 7%; e Guilherme Boulos (PSol), 6%, num segundo grupo. João Doria
(PSDB), com 4%; João Amoedo (Novo), 3%; e Henrique Mandetta (DEM), com 3%, vêm
no terceiro empate técnico. Numa disputa de segundo turno, porém, o único que
derrota Bolsonaro nas simulações é o ex-juiz Sergio Moro, com 36% contra 32%.
Os demais resultados são favoráveis a Bolsonaro: 39% a 37% contra Ciro; 37% a
33%, Huck; 37% a 30%, Doria; e 42% a 31%, contra Boulos.
Fora
do debate político, pois resolveu se dedicar à advocacia, Moro voltou ao
noticiário devido à divulgação das gravações de suas conversas com os
procuradores da Lava-Jato, liberada pelo ministro Ricardo Lewandowski, do
Supremo Tribunal Federal (STF), cuja Segunda Turma deve validar a legalidade do
compartilhamento de dados da Operação Spoofing com a defesa do ex-presidente
Lula.
A Polícia Federal apreendeu mensagens de Telegram trocadas entre integrantes da Lava-Jato, nas quais há evidências de que o então juiz Sergio Moro e procuradores da República, especialmente Deltan Dallagnol, coordenaram suas ações para condenar o ex-presidente da República. Moro e Dallagnol negam a não-conformidade, que pode levar à anulação da condenação de Lula no caso do triplex de Guarujá. Desconstruído como juiz, porém, Moro cresce como candidato à Presidência, quanto mais apanha dos petistas.
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