Folha de S. Paulo
Convites formais dependem ainda de
definições de outras pastas da área econômica
Os nomes dos secretários do ministério da
Fazenda vão dar pistas fortes do que deve ser o programa econômico de fato do
governo Lula 3. Mas o comando e função do ministério do Planejamento também
serão importantes. Como disse o próprio ministro
nomeado para Fazenda, Fernando Haddad, a formação de sua equipe ainda
depende do que vai ser feito do Planejamento, um mistério ainda grande. Na
terça, Haddad dá entrevista.
Há nomes "sondados", segundo os
chutes informados do entorno de Haddad e dos "sondados".
Para a Fazenda, ou talvez para o
Planejamento, podem ir Bernard Appy, Bernardo
Guimarães (colunista da Folha),
Marco Bonomo e Felipe Salto. Breves perfis desses economistas seguem mais
abaixo. Bonomo e Guimarães são pesquisadores reputados, "economistas
padrão" ou, de acordo com o apelido simplório "ortodoxos".
Diz-se que o futuro ministro gostaria também de levar dois nomes "do mercado", de gente do setor privado, que talvez já estejam até definidos, mas guardados em segredo maior, até para não abalar os empregos dos "cotados" _ou "cotadas".
Um nome também citado é o de Gabriel
Galípolo, 39, ex-presidente do Banco Fator, agora consultor e conselheiro da
Fiesp. Galípolo ganhou
a simpatia de Lula durante a campanha e o acompanhou em jantares com
empresários. Já foi citado até para o BNDES, mas
ninguém sabe dizer para onde iria.
Dele, Lula gostava de ouvir sugestões de
como incentivar investimento, em combinações novas de incentivos e (pouco)
dinheiro público com capital privado. É próximo de Haddad. Marcos Cruz foi
secretário de Finanças de São Paulo na prefeitura Haddad (2013-16). Engenheiro
da Unicamp com MBA pelo Insead, da França, foi sócio da consultoria McKinsey.
Próximos dizem que Haddad gostaria de levá-lo para sua assessoria, mas também
não se sabe bem onde. Pode ser mera chute do bolão dos "próximos".
Dois economistas do grupo de transição,
Nelson Barbosa e Guilherme Mello devem ter postos —"algo" deve ser
oferecido a eles. Mas não trabalhariam diretamente com Haddad.
Barbosa foi ministro do Planejamento e da
Fazenda de Dilma Rousseff 2, entre vários outros postos nos governos Lula e
Dilma 1. Formou-se em economia pela UFRJ e doutorou-se na New School (EUA), uma
escola apelidada de "heterodoxa". Mello foi um dos formuladores do
programa econômico da candidatura Lula, graduou-se em ciências sociais na USP e
é doutor em economia pela Unicamp.
Nomes e funções estariam indefinidos também
porque ainda faltam detalhes da distribuição de funções entre Fazenda,
Planejamento e o ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC). Luiz Inácio Lula da Silva deve conversar sobre o assunto com o ministro
indicado Rui Costa (Casa Civil), Haddad e com Alckmin, que anda bem antenado
com Haddad.
Bernardo Appy foi secretário-executivo do
ministério da Fazenda, sob Antonio Palocci e Guido Mantega, de 2003 a 2008.
Passou um tempo como assessor de Lula para a reforma tributária. Foi diretor da
BM&F Bovespa (agora B3) e, depois um fundador do Centro de Cidadania
Fiscal, centro privado de estudos dedicado à tributação.
É o líder do projeto de reforma
tributária em situação mais avançada de tramitação no Congresso, que
deve ser levado adiante por Haddad. Formou-se em economia pela USP e fez
mestrado na Unicamp.
Bernardo Guimarães é professor da Escola de
Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP). É um
macroeconomista reputado, doutor pela Universidade Yale, ex-professor da London
School of Economics. Seu tema principal de estudo envolve o problema mais
imediato do governo: equilíbrio duradouro das contas públicas, além de política
monetária. Graduou-se em engenharia de produção pela USP, onde fez seu mestrado
em economia. Começou a escrever uma coluna nesta Folha em novembro.
Marco Bonomo é professor de finanças e
economia monetária no Insper. Graduou-se e fez mestrado em economia na PUC do
Rio; doutorou-se na Universidade Princeton. Está bem cotado para ser secretário
de Política Econômica. Guimarães poderia trabalhar com ele, embora seja citado
também para um posto no Planejamento.
Felipe Salto é o secretário da Fazenda do
estado de São Paulo desde abril de 2022. Em 2015 e 2016, foi assessor econômico
do senador José Serra (PSDB). De 2016 a 2022, foi o primeiro e até então único
diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente, ligada ao Senado,
responsável por estudos fiscais independentes.
Graduou-se e fez mestrado em economia na FGV de São Paulo. É próximo de Geraldo Alckmin, que de modo breve e indireto tem citado um plano de Salto para o novo método de contenção do endividamento público (a "nova regra fiscal", algo que substitua o teto de gastos).
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