sábado, 15 de julho de 2023

Alvaro Costa e Silva - CPI do 8/1 subiu na goiabeira

Folha de S. Paulo

Mauro Cid vestiu farda e desnudou sua culpa

Não é só a máscara de Jair Bolsonaro que, com o tempo e o uso, se desfez e hoje revela a face corrompida por trás dela àqueles que insistiam em não enxergar o óbvio. A semana mostrou que o tenente-coronel Mauro Cid, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) estão cada vez mais despidos em suas reais intenções.

Para comparecer à CPI do 8 de janeiro, Mauro Cid vestiu a farda e os adornos do Exército, mas era como se estivesse nu. O direito de ficar em silêncio e não produzir provas contra si mesmo —nem a idade ele quis revelar— não funcionou como estratégia de defesa. Preso desde maio, o principal ajudante de ordens de Bolsonaro exibiu sua culpa nas mãos trêmulas, nos esgares e até no piscar dos olhos. Poderia ao menos ter demonstrado alguma vergonha.

Diante da mudez do depoente, o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) aproveitou as oito horas da sessão para cantar e traduzir trechos da canção "Blowing in the Wind", de Bob Dylan. A internet, correndo, reproduziu a chacota —era tudo o que o parlamentar com pinta de calouro do Raul Gil queria.

Ao contrário da CPI, que confirmou sua vocação para a comédia, o trabalho da Polícia Federal sobre os atos antidemocráticos é tocado a sério. Walter Delgatti Neto —conhecido como Vermelho, o hacker da Vaza Jato— disse à PF que Carla Zambelli o contratou para invadir o Conselho Nacional de Justiça, o sistema de apuração do TSE e celulares de ministros do STF.

Integrante da comissão mista, Damares Alves deve estar mais preocupada com o relatório da CGU que expôs o esquema de falsificação de documentos, contratações irregulares e desvio de verbas no Ministério da Mulher (prejuízo de R$ 2,5 milhões aos cofres públicos). Uma das empresas de fachada tem ligação com o ex-deputado Professor Joziel, aliado da ministra de Bolsonaro. Isso é que é subir na goiabeira.

 

Um comentário:

EdsonLuiz disse...

■A farsa desta que deveria ser uma fundamental CPMI é completa::
▪NINGUÉM queria que nada sobre o "08deJaneiro" fosse apurado pelas devidas vias políticas!

Os eventos do "08" foram eminentemente políticos. Não tivessem natureza política e aqueles eventos poderiam ser apurados por qualquer delegacia de policia, porque ficariam circunscritos à vandalismo. Mas as coisas do "08" e principalmente as coisas por trás do "08" não foram de forma alguma apenas tristes cenas de vandalismo ; houve premeditação e planejamento para desembocar em intervençào militar.

As implicações sérias do "08" foram as de natureza politica e teriam que ser apuradas a sério pela politica. Apurar com a colaboração da Policia Federal? Sim, Claro! Apurar com a colaboração do Ministério Público? Sim, Claro! Mas a apuração deste tipo de trama como a do "08" precisa estar sob responsabilidade da politica. Mas não temos ainda no Brasil uma política digna deste nome e que assuma estas responsabilidades!

E... (preciso observar que vou fazer uma especulação)... como sabia-se que os beligerantes do dia 08 de janeiro não possuiam acúmulo de força suficiente para forçar um golpe, adversários podem ter deixado a situação evoluir para desgastarem outros segmentos afora os envolvidos na trama. Há indícios de que vários setores que pideriam tomar atitude para que os acontecimentos não evoluissem se omitiram e permitiram que as cousas tomassem a dimensão que tomou.

Quem, por exemplo, sofreria o desgaste junto, mesmo não estando envolvidos, se a balbúrdia evoluísse? Os militares não defensores de golpe, por exemplo.

■Ninguém queria politicamente apurar nada do "08" e só meses depois do quente dos acontecimentos é que viabilizaram uma CPMI para supostamente fazer a apuração, quando não conseguiram mais evitar a sua instalação. Só se envolveram com a CPMI do "08, quando não mais puderam evitá-la, para garantirem controle, sofrerem danos colaterais mínimos... e NÃO apurarem de verdade!

▪No exato dia 08 de janeiro, no decorrer da violência, a senadora Soraya Thronick correu uma assinatura para instalação de CPI para apuração. O caso foi muito grave, certamente foi o fato político mais grave ocorrido no periodo após o fim da ultima ditadura no Brasil, e precisava ser apurada imediatamente, no quente dos acontecimentos e apurada pela via política. Ninguém quis apurar nada naquele momento e o pedido de CPI feito pela senadora foi sendo empurrado para cair no esquecimento.

O esquema de Bolsonaro nada fez para apuração tempestiva dos fatos ; Lula também nada fez para apurar no tempo imediato dos acontecimentos.

Quando não mais puderam evitar a instalação da Comissão, os dois populismos toscos e nada verdadeiramente democráticos correram para buscar maioria na CPMI e controlar a apuração que atrasaram.

O lulismo atrasou a CPMI ao não viabilizar a CPMI a tempo porque não queria apurar politicamente as ameaças ; o bolsonarismo raiz, que foi o causador dos graves acontecimentos, fingia querer a apuração, mas não se mexeu no tempo certo para apurar efetivamente, e quando viram que não daria para evitar a instalaçào da CPMI do "08", atulharam o Congresso com A "CPI das "Lojas Americanas:, "CPI do MST", CPI disso, CPI daquilo, que só tém como objetivo criar problemas para o governo, por dele ser adversário, e o maior objetivo do bolsonarismo com o monte de CPI que pediu foi embolar o Congresso com o funcionamento de um monte de CPI's e com isso tirar o foco e a energia da Comissão que apuraria a ameaça institucional que causaram.

Nem o lulismo nem o bolsonarismo queria apuração política nenhuma de fatos politicos tào graves, os mais graves do pós-ditadura militar de 1964.