Gilberto Scofield Jr.
DEU EM O GLOBO
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Secretário-geral da OEA chama governo Micheletti de "uma ditadura de fato"
WASHINGTON. O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, afirmou ontem que a saída para o impasse sobre Honduras passa, necessariamente, pela recondução do presidente Manuel Zelaya ao cargo, e nenhum acordo sem essa pré-condição deve ser fechado por Oscar Arias, presidente da Costa Rica, que tenta mediar uma solução. Insulza falou ontem a diplomatas e estudiosos da América Latina num fórum sobre a crise hondurenha organizado pelo Inter-American Dialogue, um instituto de estudos sobre a região.
Segundo o secretário-geral - que se diz otimista sobre a nova rodada de conversas, marcada para amanhã -, a OEA tem como horizonte para um acordo as eleições presidenciais marcadas para novembro. Ele evitou falar sobre o que a organização fará caso as conversas não tenham resultados a curto prazo e descartou qualquer operação de caráter militar na região.
- A realização de eleições em Honduras ocorre em cinco meses e precisamos de um acordo até lá. A solução passa, obrigatoriamente, pelo respeito à Constituição, o que significa a recondução de Zelaya ao cargo. Chegarmos às eleições sem isso é inadmissível - afirmou.
O pré-requisito de Insulza se choca com as recentes declarações do presidente interino, Roberto Micheletti, segundo o qual ele poderia abdicar do cargo desde que Zelaya não retornasse ao comando do país. Insulza chamou o governo de Micheletti de "uma ditadura de fato".
- É verdade que Zelaya tentou mudar as regras previstas na Constituição e que proíbem a reeleição, mas tanto o Legislativo quanto o Judiciário tinham alternativas para barrar suas ambições. Um golpe é diferente. É um ataque à democracia e afeta todos os países da região. Estou esperançoso com as declarações de Micheletti, mas a renúncia não pode acontecer com o preço de levar junto Zelaya - afirmou.
Insulza disse que está negociando com o governo interino de Honduras o envio, na próxima semana, de representantes da Comissão de Direitos Humanos da OEA, que irão investigar se ocorrem abusos contra opositores. Mas fez questão de negar que esteja ocorrendo "um banho de sangue" ou haja violência nas ruas. E criticou a Igreja por se meter em assuntos políticos.
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