Novais se cala e não é visto desde início da crise no Turismo
Chico de Gois
BRASÍLIA. O ministro do Turismo, Pedro Novais, que pouca visibilidade política vem tendo desde que assumiu a pasta, submergiu ainda mais nesta semana, depois que a Polícia Federal, com a Operação Voucher, prendeu 36 pessoas acusadas de participar de um esquema de desvio de dinheiro do ministério para entidades fantasmas ou para uma ONG que não cumpriu o contrato. Discreto ao extremo e com um discurso afônico sobre o papel que seu ministério deve desempenhar - entrou para os anais da História da Comissão de Turismo da Câmara a declaração dele de que o Ministério do Turismo teria como única função na Copa e nas Olimpíadas fazer cursos de capacitação de agentes -, Pedro Novais calou-se esta semana e não tem sido visto.
O ministro adotou o silêncio público como tática de defesa, ao contrário de outros colegas que também tiveram seus ministérios envolvidos em denúncias de irregularidades - como foi o caso de Alfredo Nascimento, ex-ministro dos Transportes, e de Wagner Rossi, titular da Agricultura. Somente na semana que vem é que Pedro Novais irá à Câmara, para explicar os tortuosos caminhos que desviam recursos justamente para o que ele diz ser o papel de sua pasta: capacitar profissionais para o atendimento ao turismo.
Na terça-feira, quando a Polícia Federal prendeu os suspeitos, Pedro Novais manteve uma agenda de dia comum, recebendo deputados, prefeitos e senadores. A assessoria de imprensa, contudo, trabalhou e divulgou uma nota na qual afirmava que ele havia solicitado à Controladoria Geral da União (CGU) a instauração de um Procedimento Administrativo Disciplinar para apurar as denúncias.
No dia seguinte, Novais ficou em despachos internos até as 17h. E, na quinta-feira, a agenda manteve um encontro com Von Walter Mzembi, ministro do Turismo do Zimbábue, país africano envolvido em longa e grave crise política, que afugentou os turistas.
Ontem, novamente, ele ficou trancado em seu gabinete, com despachos internos. No Diário Oficial, publicou portaria criando novas regras para prestação de contas de convênios. Pelas novas regras, as entidades terão 30 dias para prestar contas. Caso não cumpram o prazo, correrão o risco de ter os recursos bloqueados e passar a figurar num cadastro de entidade inadimplente.
Para as empresas conveniadas que apresentarem a prestação de contas no prazo correto, serão concedidos mais 15 dias para a regularização de possíveis pendências. Já os convênios que não prestarem contas no prazo de 30 dias e não devolverem os recursos terão o caso encaminhado ao setor contábil, para a instauração de Tomada de Contas Especial. Ainda segundo a portaria assinada pelo ministro, o débito das empresas que tiverem a prestação de contas reprovada poderá ser parcelado.
FONTE: O GLOBO
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