CRISE
Escutas realizadas pela PF mostram que quadrilha que desviava verba do Turismo tinha a colaboração de funcionários do banco
BRASÍLIA – Diálogos telefônicos interceptados pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, mostram que a quadrilha que desviava dinheiro do Ministério do Turismo tinha a cumplicidade de funcionários da Caixa Econômica Federal para movimentar recursos e até obter dados protegidos por sigilo. A Caixa informou, em nota, que abriu sindicância interna para apurar a denúncia de envolvimento de dois servidores no esquema, desmantelado pela Operação Voucher, e que pediu acesso aos autos do processo.
No primeiro diálogo, interceptado no dia 2 de maio, Katiana Necchi, do Instituto Brasileiro de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi), pivô do esquema, pede documentos ao funcionário identificado como Edmilson para forjar uma prestação de contas. O bancário atende o pedido, mas faz um apelo para que Katiana suprima algumas partes para ele não ser identificado. A PF acredita que houve quebra de sigilo funcional, crime punido com até dois anos de reclusão pelo Código Penal. “É o seguinte: vou te mandar um documento que você tem a obrigação de me tirar aquela parte confidencial, tá?”, diz Edmilson. E emenda: “Isso é extremamente confidencial”.
Katiana é filha de Maria Helena Necchi, sócia de Luiz Gustavo Machado, o diretor-executivo do Ibrasi, preso como chefe do bando. Ela e a mãe atuaram juntas na tarefa frenética de forjar documentos, quando descobriram que o Tribunal de Contas da União (TCU) investigava a fraude.
Segundo a PF, esse diálogo também indica saques altos na boca do caixa, pouco depois de repasses feitos pelo Ministério do Turismo, modus operandi usado por outras quadrilhas desmanteladas em operações da PF. Mostra ainda que, por falta de controle, às vezes o dinheiro ficava tempo demais parado na conta do Ibrasi, quando deveria ter sido repassado às supostas empresas terceirizadas.
Em nova ligação, no dia seguinte, desta vez com o funcionário Rodolfo, Katiana tenta efetuar pagamentos às pressas, os quais não havia feito no tempo certo, sem a assinatura de chefe Machado, que estava em missão fora. Rodolfo concorda que a assinatura seja falsificada por outra pessoa, desde que o falsário capriche na escrita.
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)
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