Opositores se xingam, e líder sofre ameaças
Lucas Ferraz
A onda de protestos no Chile trouxe de volta ao debate político uma velha rixa entre direita e esquerda, que deixou marcas profundas na história do país por causa da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
O primeiro sinal é a volta de um vocabulário que há muito não se via, com o uso de expressões como "subversivos" e "cachorros" para definir opositores políticos.
A virulência transbordou para as ameaças de morte a uma das líderes do movimento estudantil, Camila Vallejo, 23. Uma diretora do Ministério da Cultura do Chile escreveu no Twitter, referindo-se a ela: "Se mata la perra, se acaba la leva" -algo como "mata-se a cachorra e se acaba com a prole". A frase foi usada por Pinochet para referir-se à esquerda nos anos 70.
"Lamentavelmente, o governo incentiva esses atos de violência contra minha pessoa", comentou Vallejo.
O senador Carlos Larraín, presidente do Renovação Nacional, partido do presidente Sebastián Piñera, disse que os estudantes são um "bando de subversivos inúteis".
Do outro lado, um líder estudantil acusou o ministro do Interior do Chile, Rodrigo Hinzpeter, que é judeu, de importar para o país a "violência típica de Israel".
Diante dos ânimos acirrados, os estudantes convocaram para esta manhã uma greve geral, que vai contar com a adesão de outros setores insatisfeitos (como sindicatos e ecologistas). O governo não autorizou a marcha, mas os estudantes afirmam que ela está mantida.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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