Marcio Beck
Professor do Instituto de Economia da Unicamp, Claudio Dedecca acredita que o Caged está antecipando os reflexos da economia mais lenta. Ele afirma ainda que é grande a chance de a taxa de desemprego voltar a crescer.
O GLOBO: Como o senhor interpreta as diferenças entre os números do Caged e do IBGE?
CLAUDIO DEDECCA: Independentemente das diferenças nas metodologias, as tendências do emprego apontadas pelas duas pesquisas são extremamente divergentes. Exceto na construção civil, em que ambas apontam queda. Minha hipótese é que a leitura do Caged, que se refere ao acumulado do mês, está refletindo melhor o momento da economia. Como o IBGE capta apenas uma semana, dependendo de qual for a semana escolhida, informação que o IBGE não divulga, pode ser esta a explicação.
Devemos então esperar resultados piores na pesquisa do IBGE nos próximos meses?
DEDECCA: A tendência é que a PME do mês que vem já comece a captar esse movimento mais fraco da economia. Eu diria que a probabilidade de a taxa de desemprego aumentar em julho ou agosto é alta.
A diferença poderia ser um efeito da abrangência maior do Caged?
DEDECCA: Se o emprego formal está desacelerando da forma que indica o Caged, seria de se esperar que as metrópoles refletissem este movimento, pois é nelas que se concentra o emprego formal. Mas não é o aconteceu na pesquisa do IBGE, que tem essas regiões como objeto. Os dados do Caged divulgados pelo governo, infelizmente, não permitem uma comparação adequada.
FONTE: O GLOBO
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