sexta-feira, 22 de junho de 2012

Limonada :: Eliane Cantanhêde

A novidade no "affair" Lula-Maluf é a versão de que tudo foi ótimo para a candidatura de Fernando Haddad, que ganha visibilidade inédita e gratuita, aparecendo em todas as TVs, rádios, páginas de jornais e bombando na internet. Mais ou menos na linha do "falem mal, mas falem de mim".

Trata-se da velha tática de Lula de transformar o negativo em positivo, a desvantagem em vantagem.

Qualquer que seja a circunstância, ele faz do limão uma limonada. Até pode acontecer quando se fala do candidato Haddad, que ainda tem 8% no Datafolha e precisa crescer e aparecer. Mas não faz o menor sentido para o próprio Lula.

Nesse caso, ele só tem a perder. A foto nos jardins de Maluf entrou para a história e para sua própria história como um carimbo.

Além de ficar "feio", a foto é uma espécie de documento não só dos erros como das derrotas de Lula ultimamente. O nosso gênio da política tem levado vários tombos: o drible de Kassab, o gol contra no jogo com Maluf, a petulância de Marta e a lição pública de Luiza Erundina.

Lula parece tonto e, à essa altura, deve estar ainda mais obcecado pela vitória de Haddad. E ela é possível? Evidentemente que sim. Haddad tem a força natural do PT e de Lula, além de dois novos fatores: o peso crescente de Dilma e o voto malufista que ganha um rumo.

Dê no que der, uma coisa é certa: se Haddad ganhar, terá mais uma vitória fenomenal para Lula comemorar como sua; se perder, a culpa será do... julgamento do mensalão.

José Dirceu tem costas largas e Lula nunca tem culpa de nada.

O projeto do Congresso que, na prática, acaba com o teto salarial no setor público é uma manobra escandalosa. Primeiro, o Senado acaba com o 14º e 15º salários dos parlamentares. Agora, aumenta o teto. Vai dar elas por elas.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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