O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), cobrou da presidente Dilma Rousseff a desoneração das empresas de distribuição de água no Nordeste, nos mesmos moldes do corte da conta de luz. Campos, que ensaia candidatura ao Planalto em 2014, ainda criticou a atuação federal na região. Ele falou durante encontro entre Dilma e governadores do Nordeste para anunciar medidas federais de combate à seca. Dilma disse que o governo desenvolve obras de infraestrutura na região.
Campos pede a Dilma corte de imposto de empresa de água e mais infraestrutura
Bruno Boghossian
FORTALEZA - Em encontro reservado da presidente Dilma Rousseff com governadores do Nordeste para anunciar medidas federais de combate à seca - a pior dos últimos 6o anos o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), cobrou da União a isenção de impostos (PIS e Gofins) de empresas públicas de água do Nordeste para diminuir o custo da prestação de serviços na região.
Num contraponto à presidente, Campos, que se movimenta para disputar a Presidência contra Dilma em 2014, sugeriu que a petista repita o modelo de desoneração adotado com o setor elétrico, que levou à redução das contas de luz. A redução das tarifas de energia é uma das principais bandeiras que a petista deve carregar na reeleição.
“Recentemente, seu governo anunciou desonerações da ordem de R$ 14 bilhões em favor das empresas distribuidoras de energia elétrica. Agora, é chega¬da a hora de conceder benefício semelhante às nossas companhias de água, que estão sendo duramente castigadas pela estiagem", disse o governador, cujas frases na reunião fechada com Dilma foram divulgadas por sua assessoria de imprensa.
Ao chegar ao evento, pela manhã, Campos não quis comentar sua possível candidatura. "Quem está sofrendo com a seca, perdendo suas plantações e rebanhos não quer saber agora sobre quem vai disputar as eleições no ano que vem”, afirmou.
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra (PSB), confirmou que a proposta de desoneração foi feita por Campos. Segundo ele, o governo vai estudar a questão. A presidente Dilma disse ao governador que uma desoneração só tem sentido se for revertida em benefícios à população como o que ocorreu com a conta de luz.
Ao lado de Eduardo Campos, os demais governadores do Nordeste sugeriram que o governo federal “capitalize” as empresas de água, ou seja, faça aportes de recursos via BNDES para reduzir prejuízos das empresas de água, que na seca intensificam o abastecimento de caminhões-pipa. O governo federal acha essa proposta mais factível.
“As empresas de água estão passando por uma situação difícil, com tendência a se agravar”, descreveu o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB). Ele acrescentou que Dilma deverá analisar a proposta de desoneração “em um segundo momento” quando forem feitos debates sobre renegociação tributária.
A sugestão de Campos foi endossada pelos governadores Ri¬cardo Coutinho (PSB-PB), Wilson Martins (PSB-PI) e Rosalba Ciarlini (DEM-RN). Segundo o pernambucano, o corte de impostos daria fôlego às empresas para fazer caixa e investir em “obras estruturantes”.
Crítico. No encontro de ontem, Campos manteve uma postura “crítica” em relação ao governo federal, segundo governadores e secretários presentes na reunião. Enquanto outros administradores fizeram elogios aos investimentos feitos na gestão Dilma, o pernambucano destacou que a base econômica da região está “desprotegida” e cobrou “clareza” na formulação de um projeto de longo prazo.
“Hoje já não se tem o trauma que se tinha há 50 anos no que toca a questão da fome, mas o que essa estiagem demonstrou é que a base econômica ainda está desprotegida. E precisamos de obras de infraestrutura e políticas públicas que protejam essa base, com inovação tecnológica”, disse Campos, antes da reunião com Dilma.
A presidente rebateu indiretamente, as críticas de Campos mais tarde, em evento que não contou com a presença do pernambucano. Ao lado de Cid Gomes, disse que obras federais de infraestrutura no Nordeste evitam que a estiagem afete a produção agrícola. “Nos últimos meses, eu estive no Piauí, Sergipe, Paraíba, Alagoas e Pernambuco. Em todos os Estados, eu assinei contratos e visitei obras como barragens, adutoras e elevatórias, que viabilizam a oferta de água”, afirmou Dilma. “Conviver com a seca tem várias dimensões, e uma delas é como iremos superar os seus efeitos garantindo uma obra de grande duração. Essas obras fazem parte de um conjunto de obras que o governo federal tem desenvolvido".
Fonte: O Estado de S. Paulo
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