Goldman diz que se depender de grupo de Aécio debate não avança
Silvia Amorim
SÃO PAULO - Aliado do ex-governador José Serra, o vice-presidente nacional do PSDB Alberto Goldman defendeu ontem que a direção nacional do partido defina até outubro as principais regras para uma eventual prévia entre o tucano paulista e o senador Aécio Neves para a sucessão presidencial em 2014. Goldman disse que, se depender do grupo ligado a Aécio, o debate sobre o tema não avançará, e pregou uma ação conjunta daqueles que consideram importante a permanência de Serra no PSDB.
- Se depender das pessoas que estão no entorno do Aécio, essa coisa não vai andar. Isso me preocupa porque parece que essas pessoas acham melhor que o Serra saia do partido, o que não acredito que seja a posição do próprio Aécio. Por isso, tem de haver um esforço daqueles que acham importante a presença de Serra no partido para fazer a coisa acontecer - afirmou Goldman.
Insatisfação exposta a Aécio
A preocupação de Goldman também foi manifestada por outros aliados do ex-governador, que tentarão reverter o movimento de tucanos ligados ao mineiro para tirar o assunto da pauta. Ontem, aliados de Serra começaram a procurar dirigentes do partido para expor a insatisfação com a postura do grupo de Aécio. Um dos procurados foi o presidente da legenda em São Paulo, deputado Duarte Nogueira. A ideia é que chegue ao senador mineiro, que cumpre hoje o segundo dia de compromissos públicos em São Paulo, o recado da insatisfação com a forma como o assunto está sendo tratado.
Na terça-feira, Aécio fez um discurso em Brasília de aceitação de prévias caso haja mais de um postulante à vaga de presidenciável tucano. Entretanto, tucanos ligados a ele têm apontado dificuldades para a realização de uma consulta como quer Serra - com todos os filiados, e não apenas junto a dirigentes do partido, onde o senador tem maioria.
Goldman cobrou ontem uma liderança de Aécio na condução do processo das prévias:
- Aécio é o presidente do partido e, como tal, precisa assumir a responsabilidade por isso (discussão das prévias).
O prazo, de outubro, defendido por Goldman para que a direção nacional defina as principais regras de uma consulta interna coincide com a data-limite que Serra tem para decidir se deixa o PSDB para disputar a eleição presidencial pelo PPS. Ele negou, entretanto, que tenha conversado sobre o tema com o ex-governador.
- Temos aí um mês mais ou menos. Acho que dá para combinar, ao menos, elementos básicos para resolver as prévias, como a data para a inscrição dos candidatos, qual o colégio eleitoral para essa consulta e o prazo para o debate interno. Eu considero 60 dias, por exemplo, um bom tempo para cada candidato expor suas ideias e se apresentar ao partido - disse o vice-presidente tucano.
Goldman também defendeu que a consulta interna seja feita nos primeiros meses de 2014.
Sem um acordo sobre esses parâmetros para as prévias, aliados disseram que "o pior pode acontecer". Alguns avaliaram que Serra pode deixar o partido "mesmo com pouca chance de vitória". Para esses tucanos, a decisão também levaria ao fracasso os planos de Aécio de ser eleito presidente, já que com os eleitores de São Paulo e Minas Gerais divididos entre os dois tucanos, a chance de nenhum deles chegar ao segundo turno seria grande.
Fonte: O Globo
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