Longe da proposta ideal, a OMC (Organização Mundial do Comércio), sob a batuta do brasileiro Roberto Azevêdo, deu importante passo ao fechar seu primeiro acordo em quase 20 anos --o que pode ser a salvação do Brasil de seus próprios erros e enganos.
Apesar de modesto, o acordo pode injetar US$ 1 trilhão no comércio global, reduzindo custos comerciais e gerando 21 milhões de empregos ao desburocratizar o setor.
É um sopro de vida para a entidade, xerife do comércio mundial, que rumava para o desmantelamento diante do avanço dos acordos regionais --sendo o mais ameaçador deles entre os EUA e a Europa.
A escolha de Azevêdo, nome no qual o Brasil não botou muita fé no início e que só foi à frente por insistência do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento), era vista como um dos últimos passos para enterrar de vez a OMC.
Deu-se o contrário. Pelo menos por enquanto, o sentimento é de fôlego novo. Os atores envolvidos nas negociações atribuem ao talento do brasileiro o sucesso do acordo. Algo que anda em falta por aqui.
O Palácio do Planalto enveredou numa estratégia comercial equivocada. Enquanto muitos vizinhos buscaram acordos com EUA, Europa e Ásia, nos amarramos a parceiros em rota para o precipício, como Argentina e Venezuela.
Os argentinos criam barreiras dia sim, dia também, para a entrada de produtos brasileiros. E tudo vai piorar, já que o novo comando da economia da Argentina não gosta nem um pouquinho do Brasil.
A Venezuela não paga nossas exportações. Empresários brasileiros já avisaram que só vão seguir exportando com garantias de recebimento. O problema é que os venezuelanos não honram acordo, seja qual for.
Enfim, apegado a questões ideológicas e pouco pragmático, o Brasil sofre com os equívocos de sua política comercial. Basta conferir o fraco resultado da balança comercial.
Fonte: Folha de S. Paulo
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