- O Estado de S. Paulo
Dentro de mais quatro dias - na segunda-feira, dia 30 - termina o prazo para as convenções partidárias definirem suas candidaturas e alianças para as eleições. Até aqui, elas passaram um tanto despercebidas por conta da Copa do Mundo - mas na prática já se começa a delinear o cenário político do ano que vem.
Os acordos vão sendo fechados - mas até para os que acompanham as negociações no dia a dia muita coisa surpreendente tem aparecido nas definições dos indicados e das alianças.
E, aos poucos, já se negociam também os cargos em possível futuro governo. O cenário tem sido esse desde a instauração do atual regime. Uma federação republicana presidencialista e multipartidária exige amplas coligações e negociações.
Em cada Estado vêm sendo urdidas alianças que frequentemente se chocam com as alianças nacionais, pois cada Estado tem um sistema partidário particular. O processo eleitoral que está se definindo para a largada logo após a Copa do Mundo indica que alguma novidade começa a pairar.
Resta pouca dúvida de que o cenário nacional e internacional positivo que beneficiou o octênio de Lula já se foi e, qualquer que seja a pessoa a ocupar a Presidência em janeiro de 2015, encontrará muitas dificuldades. Os políticos sabem disso e buscam se realocar e subir seu preço.
Veja-se a dificuldade que o PT tem enfrentado para manter o arco de alianças que sustentou o governo Lula e sua primeira eleição, em 2002. O PTB debandou, o PR se divide, o PSD faz o jogo do quem paga mais, e mesmo o PMDB se divide em Estados como o Rio de Janeiro.
No entanto, no outro lado não se veem ainda ganhos concretos da parte dos dois braços mais visíveis da oposição, o PSDB e o PSB. Até porque eles ainda estão na fase do ensaio de um discurso capaz de atrair a enorme massa de cidadãos descontentes com o governo - com qualquer governo, não só do PT ou do PSDB - mas que se sentem indignados pela carência de serviços públicos decentes diante de obras faraônicas de uso restrito.
Pode-se antever que o número de abstenções vai aumentar e haverá uma fragmentação maior de votos, que irão não só para candidatos mais em evidência, mas para partidos que não jogam o jogo por saberem que não participarão de qualquer governo.
Marcos Del Roio é professor titular de Ciências Políticas da Unesp/FFC
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