Cinco ou seis dias de tensões, à frente, nos dois planos. No da Copa, a mobilizadora expectativa popular de uma boa vitória, no próximo sábado, de nossa seleção no jogo Brasil/Chile, passo importante no avanço às quartas de final e da meta de conquista do hexa campeonato mundial. E no encaminhamento das campanhas para os pleitos eleitorais de outubro, o prazo final – na segunda-feira, dia 30 – da formalização das alianças partidárias para os palanques das disputas presidencial e nos estados. Quanto à torcida por Neymar e seus companheiros, o que a impulsiona é a emoção. Com o sucesso do time brasileiro amortecendo as críticas e os protestos contra prioridades erradas e custosas de gastos governamentais na preparação do evento. Cenário que poderá esgotar-se ou reforçar-se, na dependência dos resultados da seleção nas etapas seguintes dos jogos. Sem que, numa ou noutra hipótese, o quadro tenha qualquer conotação político-eleitoral.
Já quanto aos acertos conclusivos das alianças eleitorais, o episódio mais significativo dos últimos dias foi a montagem institucional do chamado palanque Aezão. No qual o PMDB fluminense se coligou ao PSDB, ao DEM, ao PSD, ao PP, ao PPS, em favor das candidaturas de Aécio Neves, ao Palácio do Planalto, do governador Luiz Fernando Pezão, à reeleição, e de Cesar Maia para a vaga de senador. O Aezão, no Rio, e a possível composição, no Ceará, do peemedebista Eunício Oliveira, candidato a governador, e do tucano Tasso Jereissati, candidato ao Senado (esta igualmente abrindo espaço para a campanha de Aécio), refletem, a um só tempo, os conflitos entre o PMDB e o hegemonismo do PT, bem como crescente incerteza (e até apostas em contrário) nos diversos partidos não esquerdistas de base governista sobre a sorte da presidente/candidata no 2º turno de 26 de outubro. Cabendo incluir um terceiro episódio semelhante ocorrido no Nordeste, ontem: a rup-tura do governador peemdebista do Piauí, José Moraes de Souza, com a candidatura de Dilma Rousseff. Anunciada com declaração simultânea de apoio a Aécio, numa composição que envolve 18 partidos e articula sua candidatura à reeleição (contra a do petista Wellington Dias) às do tucano Silvio Mendes, para vice, e de Wilson Martins, do PSB, para o Senado.
Em resposta a esses problemas da campanha de Dilma e nos palanques estaduais do PT é o próprio ex-presidente Lula que se encontra esta semana à frente do esforço (político e administrativo) do Palácio do Planalto para manter a qualquer custo, no palanque governista federal o PP, o PR e o PSD (por causa dos valiosos tempos de cada um no horário eleitoral “gratuito”). Forçando as cúpulas dessas legendas a resistirem às pressões da maioria de suas bancadas e dos diretórios para que elas sigam o exemplo do PTB de deslocamento para apoio a Aécio, ou para que assumam postura de neutralidade.
Nova aliança ou neutralidade defendidas, também, pelas evidências de piora dos indicadores básicos da economia (que ganharão relevo após a Copa, com ou sem vitória final de nossa seleção); quedas sucessivas das projeções do PIB; crescimento negativo da indústria (agravado pela recessão na Argentina) e estagnação do setor de serviços, com efeitos restritivos na geração de empregos; inflação (já represada artificialmente) rondando ou ultrapassando o teto da meta; e forte pressão de Lula sobre o governo para mais aumento dos gastos federais, com inevitável maior deterioração das contas públicas.
Jarbas de Holanda é jornalista
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