• Em encontro, presidenta evita falar o nome da candidata do PSB à Presidência da República, mas critica os critérios de escolha da oponente para a formação de ministérios
Edla Lula – Brasil Econômico
Minimizar o efeito Marina Silva (PSB), mas sem deixar de alfinetar a adversária. Esse foi o tom das ações da campanha do PT na corrida para reeleger a presidenta Dilma Rousseff, ontem, em Brasília. Dilma aproveitou o horário de almoço como presidenta para falar como candidata a uma entusiasmada platéia de trabalhadores rurais que apoiam sua reeleição. Sem citar Marina, criticou o critério a ser usado por ela na escolha de sua equipe, caso seja eleita. Marina tem dito que escolherá as melhores cabeças, sejam do PT, sejam do PSDB.
À tarde, foi a vez de o presidente do partido, Rui Falcão, convocar uma coletiva para mostrar que a candidata Marina Silva não preocupa tanto assim e assegurar que o PT não vai mudar sua estratégia de campanha em função dos índices que apontam derrota de Dilma no segundo turno.
O discurso de Dilma, que durou quase 43 minutos, parecia programático, com a presidenta falando dos feitos para a agricultura familiar ao longo dos últimos 12 anos e aquilo que pretende fazer se for reeleita. Mas os dez últimos minutos foram dedicados à batalha eleitoral.
"Essa história de que você acha os bons ou os melhores sem aferição não está certa, não", disse Dilma em discurso para os trabalhadores rurais. "Como é que eu vou fazer uma política da agricultura familiar com quem não defende a agricultura familiar? A pessoa pode ser ótima, mas ela não tem nenhum compromisso com agricultura familiar. Ela não fará". Segundo a candidata, "não é uma questão de a pessoa ser boa ou ser ruim, é uma questão de que compromisso ela tem. E melhor ter pessoas boas e compromissadas do que pessoas boas e sem compromisso".
Rui Falcão, por sua vez, convocou a coletiva para anunciar que o partido entrará com ações na Justiça Eleitoral para a retirada do ar e responsabilização dos autores de uma montagem feita no vídeo em que o ex-presidente Lula apoia a candidata do PT ao Senado por Goiás, Marina Sant" Arma. O vídeo, editado, mostra Lula apoiando Marina Silva. A marca oficial da campanha de Marina Silva abre e encerra o vídeo. Além disso, há um corte na palavra "Goiás", para que o espectador não perceba a propaganda original.
Falcão fez questão de frisar que as ações não são dirigidas ao PSB, numa tentativa de demonstrar que não é Marina que preocupa o PT. "Queremos deixar claro que não e tamos atribuindo a autoria desse vídeo fraudado a nenhum partido e a nenhum candidato", disse.
As redes sociais têm sido o principal espaço utilizado pela campanha de Marina para atingir os eleitores. " Queremos colocar um freio e deter este tipo de campanha. Comum vídeo grosseiramente fraudado e que infelizmente traz marca oficial da campanha da candidata do PSB e se atribui falsamente o apoio do presidente Lula à candidata Marina Silva", disse Falcão.
Logo após a coletiva de Falcão, a assessoria de imprensa do PSB divulgou nota afirmando que a coligação "repudia o uso indevido da imagem de sua candidata e da marca da aliança". Segundo a nota, o partido também requererá ao Ministério Público e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a abertura de inquérito para identificar a origem e o responsável pela montagem e veiculação. "Expediente dessa ordem contraria os princípios éticos que caracterizam a candidata Marina Silva e os partidos que integram nossa coligação", diz a nota.
Nos últimos dias, fontes do comitê petista disseram que faz parte da nova estratégia "desconstruir" a imagem de Marina, denunciando incoerências entre o discurso e a prática. Mas, ontem, Rui Falcão afirmou que nada mudou na estratégia da coligação governista. "O dado mais novo que tem nessa pesquisa é a comprovação de algo que eu já dizia antes, que é a realização do segundo turno", comentou, referindo-se às pesquisas do Ibope e do MDA desta semana.
Falcão citou pesquisa de outubro do ano passado, quando o Data-folha atribuiu 27 pontos a Marina. "Nessas últimas pesquisas ela se aproxima desse percentual, dando a entender que manteve parcela do seu recall e agregou a isso um pouco da comoção e subtraiu parcela de eleitores que tendiam a votar no candidato do PSDB", disse Rui.
As estratégias para o segundo turno, disse Rui, serão pensadas quando se encerrar o primeiro: "Vamos ver como será a campanha. Segundo turno é outra eleição".
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