- Folha de S. Paulo
A expectativa de segundo turno entre duas mulheres, uma ex-gerentona neopetista e uma evangélica ex-petista, ambas bravas e autoritárias, promete boas emoções. Vai sair faísca.
Duas mulheres, duas histórias diferentes. Dilma Rousseff vem da classe média de Minas e entrou pela porta da frente em bons colégios católicos. Marina Silva emergiu da miséria no Acre e chegou pela porta dos fundos: esfregava chãos e lavava banheiros das freiras para ter direito às aulas.
Dilma vem da resistência armada à ditadura, era do PDT e virou presidente pelo PT. Marina nasceu com a bandeira do meio ambiente, cresceu no PT, fez fama nacional no PV, tentou sem sucesso criar a Rede e acabou candidata a derrotar Dilma pelo PSB. Ou seja: Marina, muito mais petista de raiz do que a neófita Dilma, se tornou a maior ameaça à continuidade do PT no Planalto.
Dilma e Marina conviveram no PT e no ministério do primeiro governo Lula. Foi aí que a encrenca começou. As duas encarnaram uma guerra entre "desenvolvimentismo" e "sustentabilidade" e disputaram não só espaço e poder interno, mas as graças do ídolo Lula. Dilma venceu todas, e Marina deixou o governo, o lulismo e o PT. Ganhou vida própria. E assombra os petistas.
Contrariando pesquisas e evidências de que tudo mudou com a queda do Cessna Citation, a campanha de Dilma continuou, estranhamente, desperdiçando munição contra o tucano Aécio Neves. Demorou a cair a ficha. Talvez porque Dilma e Lula tenham fixação em tucanos. Talvez porque não tenham discurso e bala para atingir Marina, com sua figura frágil e um projeto abstrato.
Dilma acordou ontem (28), tateando, improvisando para acertar a intangível Marina. Com um detalhe: passou a mirar Marina, mas sem tirar o olho de Aécio. Além do medo de perder para Marina, o pavor de Lula, Dilma e o PT é... terem de entregar o Planalto nas mãos de uma aliança da ex-petista Marina com o PSDB.
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